HISTÓRIA DO ATLETISMO
O atletismo dos romanos já
apresentou uma fase de decadência em relação as dos gregos, não só por menos
competitivo e sem fim educativo, mas também porque o atleta, em geral escravo
ou prisioneiro de guerra, estava muito longe de gozar do prestígio social dos
antigos competidores gregos. Como o gladiador, ele era treinado para divertir,
no circo ou no anfiteatro. Os jovens romanos de boa posição preferiam as
carreiras de bigas e quadrigas, ou mesmo os banhos nas termas, às corridas,
saltos e lançamentos que os gregos quase cultuavam.
Os séculos que separam Teodósio
do ano de 1154 – quando se vai encontrar o primeiro registro de provas de
atletismo na Idade Média – foram total abandono das competições de pista e
campo. A não ser pelos jogos de alguns povos da América pré-colombiana e uma ou
outra atividade isolada em poucos países do Oriente, quase sempre ligada às
corridas a pé, não houve atletismo organizado nesse período e mesmo depois.
As provas que realizam em Londres
e outras cidades inglesas, em 1154, não passaram de um recomeço discreto. Eram
corridas e saltos em distância e altura, lançamentos de peso e outros jogos de
campo, praticados sem regras fixas. A Europa medieval, então, interessava-se
mais pela cavalaria, pelos exercícios militares que aperfeiçoavam o manejo de
espadas, lanças, arco e flecha, mais úteis numa época de guerras quase
permanentes. Alguns reis, como Eduardo III, chegaram a proibir a prática de
qualquer esporte que não tivesse associado ao treinamento dos soldados,
incuindo o atletismo. Embora outros soberanos se tenham mostrados mais
tolerantes, como Henrique VIII, que participou de vários torneios de lançamento
do martelo, o atletismo não era considerado esporte nobre. Essa condição (à
qual se adiciona o ascetismo cristão da Idade Média, segundo o qual os cuidados
com o corpo deveriam dar lugar à purificação da alma) explica seu esquecimento
até o século XIX.
Coube exatamente aos ingleses
reviver, de forma definitiva, as competições clássicas de pista e campo. Os
povos das ilhas Britânicas sempre apreciaram os esportes. Mesmo durante a
proibição reais, eles os esportes reais, eles os praticavam, ou
clandestinamente ou pelos favores de autoridades benevolentes. O gosto pela
recreação ao ar livre levou-os a criar ou a adaptar uma variedade de jogos,
muitos dos quais têm popularidade em todo o mundo, nos dias de hoje. No início
do século passado, com reforma que os educadores vitorianos introduziram nas
escolas públicas, foram aproveitados os princípios defendidos por Thomas
Arnold, na Rugby School.
Thomas Arnold, educador inlgês
nasceu em East Cowes, ilha de Wight, a 13 de junho de 1795, e morreu em Rugby a
12 de junho de 1842. Educado em Winchester e Oxford, apresentou-se como
candidato a chefe da escola de Rugby em 1827, a disposto a transformar o
sistema educacional público não apenas naquela instituição, mas em toda a
Grã-Bretanha. Lembrado principalmente por seus sermões na capela escolar,
Arnold teve o mérito de conseguir mais do que até então o sistema de prefeitos
nas escolas públicas produzida. Após sua morte, a maioria das escolas
secundárias inglesas tomaram a Rugby como modelo. Admirador da civilização
grega, Arnold reviveu o princípio de uma união fértil entre o esforço físico e
o mental.
De acordo com Arnold, o esporte
sistematizado era de grande importância na ducação do jovem, disciplinando-o
aprimorando-lhe as qualidades morais, e sobretudo, levando a descarregar nos
campos de jogo um potencial de energia que, de outra forma poderia ser
utilizado em práticas condenáveis. Entre essas práticas, os educadores ingleses
incluíram ideias reformistas dos jovens da classe média, em oposição ao
tradicionalismo vitoriano. Em 1825, corridas a pé eram disputadas regularmente
em Uxbridge. Em 1838 os alunos de Eton praticavam as primeiras provas com
barreiras, numa distância de 110 jardas. Seis anos depois, a primeira corrida
de fundo, também com barreiras, chamada steeplechase (do inglês literalmente
“busca ou caça da torre”, meta que devia ser atingida vencendo quaisquer
obstáculos; o vocábulo documenta-se em inglês já em 1805), ampliava o programa
de provas atléticas. Na metade do século, com a adesão de escolas como
Winchester, Charterhouse, Shrewsbury, Westminster e Harrow, o atletismo estava
oficializado na Inglaterra, de onde passou para a Escócia; Irlanda e país de
Gales, chegando finalmente a outros pontos da Europa. Os alemães e os
escandinavos, que já se dedicavam à ginástica e outras formas de educação
física, foram os primeiros a adotar o atletismo inglês.
As provas regulamentadas pelos
educadores vitorianos – e que serviram de ponto de partida para o moderno
programa de competições atléticas – compreendiam as quatro modalidades
clássicas dos gregos (corrida, salto em distância, lançamentos de dardo e
disco) e muitas variantes por eles criadas ou adaptadas. As corridas eram
disputadas em várias distâncias, a menor de 110 jardas; a maior de 3 a 4
milhas. Além de salto em distância, havia o de altura, o triplo (que se
inspirava nos três saltos isolados dos gragos) e o com vara, cuja origem se
situa nos antigos métodos ingleses de pular sobre valas, riachos e canais, com
o auxílio de varas.
Aos lançamentos de dardo e disco,
acrescentaram-se os de peso e martelo, este de origem celta e muito popular,
havia séculos na Escócia e na Irlanda. Havia ainda, uma forma rudimentar de
revezamento (corridas entre equipes, com passagem de bastão de um corredor para
outro) e provas combinadas nos moldes de pentatlo.
De Coubertin até hoje…
Em 1892, numa sessão solene
realizada na Sorbonne, em Paris, Pierre de Fredi, barão de Coubertin,
apresentou um projeto para que fossem recriados os jogos olímpicos extintos por
Teodósio. Seu objetivo era um movimento internacional, o olimpismo, que visava
a promover o estreitamento de ralações entre os povos através do esporte. A
proposição tinha também, fins pedagógicos: “… Formar o caráter dos jovens pela
prática esportiva, despertando-lhes o senso de disciplina, o domínio de si
mesmo, o espírito de equipe e a disposição de competir”.
Mas a ideia só se concretizou em
1894, a partir de um congresso realizado também na Sorbonne, dessa vez com a
participação de representantes de 14 países. Foi criado o Comitê Olímpico
Internacional, com sede em Lausanne, Suíça, e estabeleceram-se as normas para a
realização dos primeiros jogos em 1896, na Grécia.
O primeiro programa olímpico de
atletismo compreendia corridas de 100, 400, 800 e 1.500m, e mais a de 110m com
barreiras, saltos em distância, altura, triplo e com vara, lançamentos de peso
e disco. Uma prova especial a maratona, foi organizada para os corredores de
fundo, por sugestões do linguista e helenista francês Michel Bréal.
Pretendia-se com ela, recordar a façanha de Fidípdes (gr. Pheidippídes),
soldado atenciense que correu da cidade de Maratona, perto de Ática, até
Atenas, para anunciar aos gregos a vitória de Milcíades sobre os persas em 490
a.C. A maratona olímpica – que acabou convertendo-se numa das provas clássicas
dos jogos olímpicos modernos – foi corrida num percurso de 42Km,
aproximadamente a mesma distância cumprida por Fidípedes. Seu primerio vencedor
foi o grego Louís Spýros, modesto fabricante que vivia em Marusi.
O programa original do atletismo
olímpico, aberto apenas a competidores do sexo masculino, foi sendo
sucessivamente modificado. Em 1900, introduziram-se as provas de 400m com
barreiras, de 2.500m de steeplechase e de lançamento do martelo. Das
modalidades clássicas, as últimas a figurarem nos modernos jogos olímpicos
foram o lançamento do dardo, só disputado oficialmente em 1908, e pentatlo, em
1912. Neste ano realizaram-se também, o primeiro decatlo (dez provas por um
mesmo atleta) e os revezamentos de 4×100 e 4×400 metros.
As mulheres só começaram a
participar regularmente dos jogos olímpicos em 1928, cumprindo um programa de
100, 800 e 4×100 metros, o salto em altura e o lançamento do disco. Até 1948,
outros acréscimos e supressões foram feitos tanto no programa masculino como no
feminino. De 1948, quando o número de provas para mulheres aumentou
consideravelmente, a 1956, ano em que disputou a primeira marcha de 20km (a de
50km já fora introduzida em 1932) o programa oficial sofreu suas últimas
alterações.
Os jogos olímpicos ajudaram a
popularizar o atletismo, universalizando-o cada vez mais. No século passado, já
existiam alguns órgãos dedicados à regulamentação e promoção de torneios
atléticos, entre os quais o London Athletic Club e o Amateur Athletic Club,
ambos na Inglaterra, a Association of Amateur Athletes of América e o New York
Athletic Club, estes nos E.U.A., além de clubes, associações e escolas de
educação física na Alemanha, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Noruega e França. O
intercâmbio entre esses países fez-se gradativamente. Os ingleses
sistematizaram o atletismo e defundiram-no pela Europa e E.U.A.
Os mesmos ingleses, os alemães e
os norte americanos introduziram-no em toda a América Latina. Mas foram os
jogos olímpicos no século XX, que transformaram as provas de pista e campo num
esporte universal, base de todos os outros.
https://www.coladaweb.com/educacao-fisica/historia-do-atletismo
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