GUERRA FRIA: UMA CONTEXTUALIZAÇÃO

GUERRA FRIA: UMA CONTEXTUALIZAÇÃO

O conflito ideológico, político, econômico e militar ocorrido de maneira indireta entre os Estados Unidos e a União Soviética – denominado Guerra Fria – tem suas raízes em um período anterior ao final da Segunda Guerra Mundial, pois, através da Conferência de Potsdam (1945), os dois países já divergiam quanto à divisão do mundo em áreas de influência. Alguns autores chegam a dizer que a Guerra Fria se iniciou com a explosão das bombas atômicas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki, afinal, os Estados Unidos teriam usado as bombas para intimidar a União Soviética, que, fortalecida pela campanha vitoriosa da Segunda Guerra, fazia muitas exigências em relação à reorganização mundial.

Apesar da falta de consenso entre os historiadores em relação ao exato início do conflito, a maioria deles considera que a Guerra Fria se iniciou formalmente com o lançamento da Doutrina Truman, em 1947. Naquele ano, o primeiroministro inglês, Winston Churchill, visitou os Estados Unidos e alertou os estadunidenses sobre a ameaça de expansão do socialismo na Europa. Diante da recomendação inglesa, portanto, o então presidente americano, Harry Truman, fez uma declaração no Congresso dos Estados Unidos, no dia 12 de março, afirmando que usaria todos os recursos disponíveis para conter o avanço do socialismo.

Uma das estratégias práticas utilizadas pelos Estados Unidos para conter a possível expansão socialista sobre a Europa foi o lançamento do Plano Marshall (1947), que visava à destinação de investimentos estadunidenses para a reconstrução da economia europeia em moldes capitalistas. Além de frear a expansão soviética, o Plano Marshall possibilitaria ainda que os Estados Unidos continuassem exportando seus produtos para a Europa, que, ao final da Segunda Guerra, encontrava-se arrasada economicamente. Ao todo, foram investidos 17 bilhões de dólares, sendo que a maior beneficiada foi a Inglaterra, seguida da França, Alemanha e Itália e do restante do bloco capitalista europeu.

O único país socialista que recebeu investimentos do Plano Marshall foi a Iugoslávia, que, após ter sido alvo das anexações de Hitler, conseguiu se libertar dos nazistas sem o auxílio soviético. Assim, Tito, que havia liderado o Exército de resistência à invasão nazista (os partisans), implantou o socialismo na Iugoslávia sem se subordinar à influência da União Soviética, o que possibilitou àquele país se relacionar com as duas potências ao longo da Guerra Fria.

Além de manter uma postura ambígua diante da bipolarização mundial, a Iugoslávia defendia o eurocomunismo, alegando que cada país da Europa deveria implantar o seu próprio modelo socialista, de acordo com a sua realidade.

Para fazer frente aos investimentos estadunidenses, os soviéticos criaram, em 1949, o Conselho para Assistência Econômica Mútua (COMECON), que consistia em uma série de investimentos voltados para a planificação das economias do Leste Europeu, o que, de certa forma, sustentou os países beneficiados durante a Guerra Fria e conteve a expansão capitalista naquela região.

No plano militar, os estadunidenses criaram, em 1949, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), uma aliança militar entre os países capitalistas liderada pelos Estados Unidos. Além de visar ao auxílio bélico entre esses países, a OTAN também tinha uma funcionalidade econômica, afinal, seus membros se municiavam através da compra de armamentos junto aos Estados Unidos, razão pela qual a aliança se sustenta até os dias atuais.

Diante do clima de tensão instaurado pela Guerra Fria, a União Soviética também procurou construir suas alianças militares e, para isso, criou, em 1955, o Pacto de Varsóvia, composto de países do Leste Europeu e com funções semelhantes às da OTAN. Uma das atribuições delegadas ao Pacto de Varsóvia era a aliança militar contra ataques externos ao bloco, ou seja, caso um membro do Pacto fosse atacado pelo bloco antagônico, os outros o auxiliariam. Além disso, a aliança soviética tinha o objetivo de reprimir uma possível oposição interna ao regime socialista.

Tal repressão se fazia necessária, pois, em países como a Hungria, que antes da Segunda Guerra Mundial era fascista, os socialistas eram vistos como invasores e não como libertadores. Por tal motivo, em 1956, os trabalhadores e estudantes húngaros formaram o primeiro movimento contestador dentro do bloco socialista, exigindo maiores liberdades políticas e a abertura econômica. Utilizando o aparato militar que havia formado, a URSS ordenou a ação do Pacto de Varsóvia, e, assim, o movimento húngaro foi suprimido.

 

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