A INDEPENDÊNCIA DO HAITI

A INDEPENDÊNCIA DO HAITI

O Haiti faz parte da Ilha de Hispaniola (atual São Domingos), dividida durante o Período Colonial entre Espanha, lado oriental, e França, lado ocidental. O lado francês da ilha possuía três classes sociais distintas: a maior parte da população era composta de escravos; os mulatos e negros libertos, que podiam inclusive se tornar donos de escravos, compunham uma classe intermediária; e, finalmente, os brancos, socialmente privilegiados, compunham a minoria responsável pela exploração econômica e pela administração colonial.

O processo de Independência de São Domingos se iniciou durante a Revolução Francesa, em 1791, tendo como líder Toussaint Louverture, que, inspirado no movimento burguês europeu, acabou se convencendo de que o Haiti deveria se tornar uma federação ligada à França. Assim, após a Convenção Nacional abolir a escravidão nas colônias francesas, Louverture se incorporou ao Exército francês na luta contra os ingleses, o que acabou lhe concedendo prestígio o su ciente para realizar mudanças administrativas na ilha. Louverture criou hospitais, construiu parques, estimulou a produção das lavouras de açúcar, criou escolas e chegou a redigir uma Constituição para o Haiti.

A liderança de um negro na América, no entanto, assustou as elites brancas e, principalmente, Napoleão Bonaparte, o homem mais poderoso do mundo na época. A mando do imperador francês, uma expedição militar, comandada pelo general Leclerc, chegou ao Haiti em 1802. Louverture foi derrotado, preso e enviado à França, onde morreu um ano mais tarde.

Apesar da aparente derrota do movimento emancipacionista haitiano, Jean-Jacques Dessalines deu continuidade à obra de Louverture e, assim, proclamou a Independência da ilha – agora denominada Haiti – em 1804. Dessalines se proclamou imperador com o título de Jacques I, mas, em 1806, acabou sendo assassinado.

A Independência do Haiti teve um caráter singular, uma vez que foi o segundo país da América a conquistar a liberdade, atrás apenas dos Estados Unidos. Além disso, a emancipação foi realizada por uma classe socialmente subordinada, os escravos, que, com requintes de crueldade, exterminaram a elite branca daquela região. Vale ressaltar, no entanto, que essa conquista não significou o m do preconceito étnico: a minoria mulata, que assumiu o comando da nova nação, discriminava a maioria negra.

 

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