A Epopeia de Gilgamesh e o Dilúvio
Uma das lendas mais fantásticas
dos povos sumérios e que mostram a riqueza de sua literatura foi a Epopeia de
Gilgamesh. Possivelmente a obra literária mais antiga já produzida pelos seres
humanos, ela é composta por doze cantos com cerca de 300 versos cada um. A
lenda conta a história de Gilgamesh, rei sumério e fundador da cidade de Uruk
que governou a região por volta do ano 2.700 a.C. Esta epopeia é conhecida
graças à descoberta de uma placa de argila escrita em caracteres cuneiformes em
ruínas da região mesopotâmica, sendo traduzida por volta de 1890 d.C.
A trajetória de Gilgamesh o
mostra como um grande conhecedor das coisas do mundo, inclusive de sua origem e
de coisas existentes nas profundezas dos mares. Mas o rei Gilgamesh era
despótico e dentre as várias obrigações que impunha a seu povo encontrava-se a
construção de uma gigantesca muralha fortificada ao longo da cidade de Uruk. O
povo amedrontado com o trabalho imensamente fatigante clamou pela ajuda da
deusa Ishtar, que os ouviu e enviou Enkidu. Este, que era protegido da deusa e
vivia nas florestas de cedros, deveria desafiar e vencer Gilgamesh em um duelo,
matando-o em seguida. Ao chegar ao palácio do rei, iniciou o combate.
Entretanto, não houve vitoriosos, sendo que Gilgamesh e Enkidu se tornaram
amigos. A amizade os levou a diversas aventuras, destruindo monstros e
harmonizando o mundo.
Porém, Ishtar sentiu ciúmes da
amizade e tentou seduzir Gilgamesh que, sabendo que aquele que amasse a deusa
morreria, não aceitou ser seu amante. A deusa com muita ira pela recusa decidiu
matar o amigo de Gilgamesh, Enkidu, infligindo a ele uma doença que o deixou
agonizando por doze dias antes de morrer. Com a perda do amigo, Gilgamesh
resolveu ir atrás de novas aventuras, o que o levou a encontrar Utnapishtim, um
homem imortal que revelou um triste mistério dos deuses: em tempos remotos os
deuses haviam decidido submergir a terra de Shuruppak, mas que ele, pela sua
devoção, havia recebido ordens de construir uma arca no meio do deserto e
abrigar seus familiares, amigos e os quadrúpedes e aves de sua escolha.
Utnapishtim assim o fez e, depois de seis dias e seis noites, salvou as pessoas
e os animais, conseguindo em troca a imortalidade.
Esse trecho da Epopeia de
Gilgamesh é um dos mais conhecidos e influenciou várias lendas na Antiguidade
oriental, inclusive a lenda bíblica do dilúvio hebreu, famosa pela arca de Noé.
Sendo a produção da Epopeia de Gilgamesh anterior à história bíblica, pode-se
perceber a influência que a cultura suméria exerceu sobre os povos da
Mesopotâmia e do Oriente Médio.
Gilgamesh ainda tentou conseguir
a imortalidade, chegando inclusive a descer ao fundo do mar em busca de uma
planta que seria capaz de evitar sua morte. Mas o rei perdeu a planta no
caminho e, com medo da morte, já em sua cidade Uruk, evocou seu amigo Enkidu,
que lhe contou sobre a vida no mundo das trevas.
A epopeia se tornou famosa no
mundo pela sua antiguidade e pela semelhança com a lenda do dilúvio bíblico
hebreu.
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