O RENASCIMENTO CULTURAL

O RENASCIMENTO CULTURAL

O termo Renascimento designa um conjunto de transformações na mentalidade do homem europeu ocorrido entre o final da Idade Média e o início da Idade Moderna. Essas mudanças se refletiam na crescente valorização e estudo das atividades humanas – o humanismo – e em uma postura mais racional e individualista diante do mundo em que viviam aqueles homens.

Historiadores e pensadores do século XIX associaram essas transformações a uma ruptura radical em relação ao Período Medieval: Jacob Burckhardt, em seu livro A cultura do Renascimento na Itália, escreveu que, no Período Medieval: A consciência humana [...] repousava sonhadora ou semiacordada sob um véu comum. O homem estava consciente de si próprio apenas como membro de uma raça, povo, partido, família, ou corporação – apenas através de uma qualquer categoria geral. [No Renascimento], este véu evaporou-se [...] o homem tornou-se um indivíduo espiritual e reconheceu-se a si mesmo como tal.  (BURCKHARDT, Jacob. A cultura do Renascimento na Itália. Brasília: Editora da UNB, 1991).

Essa noção de ruptura com o mundo medieval foi uma ideia muito difundida entre os renascentistas. Para eles, o que ocorria era um novo nascimento após um período de ignorância e de escuridão. Dessa forma, a Idade Média passou a ser vista como a Idade das Trevas, e a força da religião e da Igreja foi associada ao atraso e ao irracionalismo. Nota-se, portanto, que foram os homens do Renascimento que criaram a imagem negativa a respeito do Período Medieval, uma vez que eles acreditavam estar retomando o momento de glória da humanidade: a Antiguidade Clássica.

Novas correntes historiográficas, no século XX, demonstraram, no entanto, que essa ruptura não teria sido assim tão radical, já que grande parte das raízes do Renascimento se encontrava no Período Medieval. Além disso, a mentalidade do homem moderno estava povoada de fortes traços das crenças medievais, que valorizavam uma visão mística e religiosa sobre o mundo e sobre a sociedade.

O Renascimento não se restringiu ao mundo italiano. A divulgação do humanismo foi facilitada pelo desenvolvimento da imprensa, ainda no século XV, por Gutenberg, que permitiu a expansão da cultura escrita com maior facilidade e velocidade. Além da Península Itálica, outras regiões, como a dos Países Baixos, de forte desenvolvimento comercial, assistiram à expansão da arte em suas cidades.

Não se deve, no entanto, acreditar que as transformações proporcionadas pelo Renascimento tenham tido ampla difusão no interior das sociedades. As mudanças do período não atingiram a todos os setores sociais, que eram majoritariamente analfabetos, mas ficaram restritas às elites. Além disso, a Renascença foi um movimento urbano, ficando a vida no mundo rural ainda regida pelos valores medievais.

 

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