1848 – A PRIMAVERA DOS POVOS
FRANÇA
A Monarquia de Julho, nome pelo
qual ficou conhecido o reinado de Luís Felipe, foi responsável pela
consolidação da ordem burguesa. Entre as ações liberais adotadas durante o seu
governo, podem ser destacadas:
• o fortalecimento do Poder Legislativo;
• a redução do censo eleitoral;
• a retomada da bandeira
tricolor;
• a adoção do liberalismo econômico;
• o fomento
ao desenvolvimento industrial;
• o
controle pela alta burguesia dos setores de
ferrovias, bancos e minas de carvão e ferro.
Ao mesmo tempo que tomava medidas
que privilegiavam a burguesia, o chamado rei burguês ou rei dos banqueiros
reprimia manifestações de oposição ao seu governo realizadas pelos
trabalhadores, como as ocorridas em Paris (1831) e em Lyon (1834), além de
censurar a imprensa republicana.
Apesar das tentativas de Luís
Felipe em conter seus opositores, nos anos de 1846 e 1847, uma grave crise
econômica tomou conta da França. A queda na produção de alimentos levou à fome
no campo e ao aumento do preço dos alimentos. Nas cidades, a queda do consumo
de produtos industrializados gerou desemprego e diminuição dos salários.
Aproveitando a situação, a
oposição, liderada pelos republicanos, passou a incentivar as manifestações de
trabalhadores e da pequena burguesia. As reuniões, que se realizavam através de
banquetes, tinham como alvos o rei e seu ministro Guizot. Além de clamarem
contra a miséria, os revoltosos desejavam a ampliação das liberdades
democráticas. Durante a chamada Campanha dos Banquetes, tornavam-se também cada
vez mais visíveis as influências dos trabalhadores e dos ideais socialistas.
Após a proibição da realização de
um desses banquetes, o proletariado de Paris se rebelou, erguendo barricadas,
e, acompanhado pela pequena burguesia e pela Guarda Nacional, que se recusou a
reprimir os rebeldes, derrubou a Monarquia de Julho. Em 1848, portanto, foi
proclamada a Segunda República Francesa.
É importante ressaltar que os
acontecimentos na França tiveram grande repercussão no restante da Europa.
Assim, outros movimentos de caráter nacionalista eclodiram por todo o
continente, em uma onda de rebeliões que ficou conhecida como a Primavera dos
Povos. Nas manifestações, foi marcante a presença dos operários. A ameaça aos
princípios burgueses, representada pela luta do proletariado, entretanto, fez
com que a burguesia evitasse a radicalização na maioria das regiões.
IMPÉRIO AUSTRÍACO
Ainda em 1848, um movimento
liberal em Viena, contando com a participação da burguesia e dos trabalhadores,
saiu às ruas exigindo a ampliação do direito ao voto e a destituição de
Metternich, ministro austríaco, símbolo do conservadorismo do Congresso de
Viena. A fuga de Metternich, que temia a represália popular, levou à outorga de
uma Constituição e à convocação de eleições para a Assembleia Constituinte por
meio do sufrágio universal.
Vale ressaltar que, apesar de ter
participado dos protestos que depuseram o ministro austríaco, a alta burguesia
retirou seu apoio às transformações e lutou pela volta de um poder central
fortalecido. Isso se justifica pelo temor deste setor abastado em relação à
radicalização do movimento.
Assim, pressionado, o rei
Fernando I foi obrigado a abdicar, e a Assembleia foi dissolvida. Francisco
José assumiu o trono, restaurando o absolutismo. Na Hungria e na Boêmia,
regiões submetidas à Áustria, também ocorreram movimentos liberais
constitucionalistas, que foram sufocados pelas tropas do Império Austríaco.
CONFEDERAÇÃO GERMÂNICA
Pouco após os eventos de Viena,
barricadas foram erguidas em Berlim por trabalhadores e burgueses, fazendo com
que o rei da Prússia, Frederico Guilherme IV, convocasse uma Assembleia
Constituinte. Rapidamente, o movimento se expandiu para o restante da
Confederação Germânica, e os liberais de vários Estados se reuniram em
Frankfurt com o objetivo de eleger uma Assembleia Nacional Constituinte pelo
voto universal. A nova Constituição estabelecia um regime parlamentar, sendo o
rei da Prússia imperador da Confederação.
Diante das pressões da Áustria,
que não desejava a hegemonia prussiana na região, Frederico Guilherme rejeitou
tal proposta. Prontamente, os demais príncipes germânicos também recuaram
diante da possibilidade da radicalização popular. No final de 1848, a
Assembleia foi dissolvida e o movimento liberal contido.
PENÍNSULA ITÁLICA
Na Península Itálica, envolvida
também pela Primavera dos Povos, o rei das Duas Sicílias, Fernando II, foi
forçado a se submeter a uma Constituição, que, após a repressão comandada pelo
rei, foi anulada. Mais ao norte, Milão e Veneza revoltaram-se contra o domínio
austríaco, mas foram reprimidos pelas forças da Áustria. Na região da Toscana e
em Roma, foram proclamadas repúblicas sob o comando de Giuseppe Mazzini.
Naquele contexto, até o papa Pio IX foi forçado a deixar os Estados
Pontifícios, mas tropas francesas restabeleceram a soberania da Igreja na
região.
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