A LUTA ARMADA: O MR-8


 

A LUTA ARMADA O MR-8 O Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR-8) foi uma organização brasileira de orientação marxista-leninista que promoveu combate armado contra a ditadura militar, tendo como objetivo a instalação de um Estado socialista no Brasil. Seu nome é inspirado no dia em que Ernesto “Che” Guevara foi preso na Bolívia. O grupo revolucionário de esquerda nasceu no estado da Guanabara, no Rio de Janeiro, a partir do golpe militar promovido no país em 1964. Inicialmente, foi formado um grupo de ativistas resultantes de uma dissidência ocorrida no meio universitário do PCB, o grupo ficou conhecido como DI-GB, Dissidentes da Guanabara. No ano de 1966 ocorreu a total separação do DI-GB com o PCB, pois os revolucionários defendiam nas eleições legislativas daquele ano o voto nulo, contrariando as propostas do partido. A partir de então o DI-GB começava a caminhar e se organizar por seus próprios meios e no ano seguinte, 1967, organizaram e realizaram em fevereiro a primeira conferência da organização. Nesta ocasião definiram a linha política seguida pelos militantes e estabeleceram a luta armada. Mas a formação do novo grupo ainda não se constituiria de maneira estável, a luta política interna permanecia e causaria mais fragmentação no movimento, muitos militantes preferiram abandonar o novo grupo e retornar para o PCB ou então integrar o Comando de Libertação Nacional, conhecido como COLINA. Com tamanha turbulência, uma nova conferência foi agendada para dezembro do mesmo ano, na qual se pudesse discutir e estabelecer uma nova linha política. Passada a tormenta, a DI-GB começaria a se manifestar após se definir o perfil do movimento. No ano de 1968, impulsionada por desenvolver papéis de destaque nas mobilizações estudantis, a DI-GB ampliar-se-ia notavelmente. Com o crescimento, foi organizada uma nova conferência marcada para abril de 1969 para agrupar os militantes e determinar o empenho revolucionário da organização de caráter comunista. A partir deste momento o grupo passou a se envolver com ações armadas. No mês de setembro de 1969 a DI-GB juntamente com a Ação Libertadora Nacional elaboraram e promoveram um dos mais famosos sequestros ocorridos durante a ditadura militar no Brasil. Através de uma audaciosa ação conjunta, o embaixador norte-americano no Brasil, Charles Burke Elbrick, se tornou o primeiro diplomata dos Estados Unidos a ser sequestrado. Por pouco os militantes encarregados do sequestro não confundiram a vítima com o embaixador de Portugal que naquele dia 4 de setembro de 1969 realizou o mesmo trajeto que o diplomata norte-americano realizava todos os dias. Charles Burke Elbrick estava no Brasil substituindo o ex-embaixador no país John Tuthill e apesar de ser um democrata liberal com posicionamento contrário à ditadura oferecia grande visibilidade para o movimento revolucionário. Além disso, o envolvimento dos Estados Unidos com a ditadura militar brasileira era grande e notório o suficiente para tornar o embaixador uma vítima perfeita. Foi no decorrer da ação do sequestro do embaixador que a organização DI-GB achou conveniente mudar o nome. Houve um grupo anterior com o nome de Movimento Revolucionário Oito de Outubro que havia sido totalmente capturado pelo regime militar, para confundir e também desmoralizar a ditadura, que havia anunciado anteriormente a vitória sobre a organização, os militantes entenderam como vantajoso assumir então o mesmo nome, Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR-8). O nome da organização era uma forma de lembrar o dia em que o socialista Ernesto “Che” Guevara havia sido preso pela CIA na Bolívia. O sequestro, que teve como um de seus promotores Fernando Gabeira, resultou em vitória para o movimento revolucionário. O MR-8 conseguiu negociar a liberdade do embaixador em troca de 15 prisioneiros políticos, que embarcaram no dia 6 de setembro para o México, e, além disso, foi decisivo para que promovessem ampla divulgação em rádios e jornais do país a insatisfação contra a ditadura, permitindo que muitos tomassem conhecimento do que vinha acontecendo no país e chamando a atenção em âmbito nacional e internacional contra o regime militar. O governo passou a perseguir o MR-8 e reprimir seus militantes duramente, mas as ações de roubos e assaltos por parte dos militantes para garantir os recursos necessários para as manifestações continuavam. No ano de 1970 as ações se expandiram e a organização passou a ter contatos em fábricas e áreas rurais, alguns textos em 1971 mostravam uma organização aparentemente sólida. Ainda neste ano, o MR-8 passou a contar também com Carlos Lamarca, líder da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), já que seu grupo tinha sido liquidado pelo governo. Mas logo em seguida, quando tentava se refugiar na Bahia com Iara Iavelberg, foi morto. Ainda em 1971 a repressão do regime militar aumentou muito e o MR-8 quase chegou ao fim em 1972. A maioria dos militantes se refugiou no Chile.

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