O IMPÉRIO DE NAPOLEÂO

 

O IMPÉRIO DE NAPOLEÃO

A formação do Império deu sequência ao processo de centralização observado desde a ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder. Internamente, assistiu-se à formação de uma aristocracia ligada ao imperador e ao aumento da repressão e da censura. Ocorreram prisões e julgamentos arbitrários, limitação à liberdade de imprensa e atuação de agentes secretos visando impedir as críticas ao governo. Por outro lado, a centralização imperial permitiu à França conquistar importantes vitórias sobre as coligações estrangeiras que se formavam. As vitórias em terra permitiram o avanço do Império Francês e a reformulação do mapa europeu.

Nos mares, entretanto, as conquistas não se repetiam. As derrotas para a Inglaterra, como a ocorrida na Batalha de Trafalgar, levaram Napoleão a decretar o Bloqueio Continental em 1806-1807. O objetivo do Bloqueio era enfraquecer a Inglaterra, principal rival da França e grande potência econômica no período. Através de dois decretos, o de Berlim e o de Milão, cava determinada a proibição do comércio entre as nações europeias e a Inglaterra. Os decretos declaravam ainda que os povos que comercializassem com os ingleses seriam considerados inimigos. Com tais medidas, Napoleão visava diminuir a presença dos produtos industrializados ingleses na Europa e, assim, estimular a produção industrial francesa, que deveria ser capaz de suprir a ausência dos produtos ingleses.

A solução encontrada pelos ingleses para a manutenção de seus lucros foi redirecionar o comércio para as colônias espanholas na América. A Inglaterra, no entanto, ainda conseguia contrabandear produtos para as nações europeias que necessitavam de suas mercadorias. É válido ressaltar que as indústrias francesas não estavam estruturadas para produzir todo o volume necessário aos mercados consumidores.

Dessa forma, vários países desrespeitaram o Bloqueio e sofreram, com isso, consequências. No caso de Portugal, a Corte portuguesa, ameaçada pela iminente invasão das tropas francesas e pelas pressões de sua tradicional aliada, a Inglaterra, optou por dirigir-se à sua principal colônia, o Brasil, em 1808, mudando a sede da monarquia e redefinindo as relações de poder no interior do Império Luso Brasileiro.

Na Espanha, o domínio conquistado em 1808 com a deposição do rei Fernando VII levou ao trono o irmão de Napoleão, José Bonaparte. As dificuldades enfrentadas pelos espanhóis abriram espaço para os movimentos que levariam à Independência da América entre os anos de 1810 e 1830. Já a Rússia necessitava de um grande mercado consumidor, como o inglês, para a sua produção de trigo e acabou por romper o Bloqueio.

Em represália, Napoleão e cerca de 600 mil soldados invadiram o país, chegando próximo a Moscou. A tática de “terra arrasada” adotada pelos russos foi fundamental para a derrota francesa. A estratégia consistia na destruição de qualquer instalação, suprimentos ou fontes de recursos que pudessem ser proveitosas ao inimigo enquanto este avançava em direção a uma determinada área. Assim, em 1812, o Exército napoleônico foi dizimado pelo frio e por epidemias de tifo e, por isso, os sobreviventes deixaram a Rússia. Segundo alguns autores, apenas 10% do contingente enviado ao território russo retornou para a França.

Com o Exército reduzido, Napoleão teve de recorrer a soldados veteranos, sem idade para servir o Exército, fator fundamental para que as tropas francesas fossem derrotadas em 1813 na Batalha de Leipzig, também conhecida como Batalha das Nações, pela coligação formada pelos exércitos da Rússia, Prússia, Áustria e Suécia. No início de 1814, os inimigos de Napoleão chegaram a Paris e recolocaram no poder a dinastia dos Bourbon, representada por Luís XVIII.

Mesmo exilado na ilha de Elba, na costa italiana, Napoleão conseguiu reunir esforços e soldados no intuito de retornar ao poder. Ao desembarcar na França, as tropas destinadas pelo novo rei francês a enfrentar Napoleão se aliaram ao antigo líder, que retornou a Paris como herói em 20 de março de 1815.

O Governo dos Cem dias teve o seu fim após as derrotas para os ingleses e prussianos na Batalha de Waterloo, na Bélgica. Bonaparte seguiu para o exílio em Santa Helena, no Atlântico Sul, onde veio a falecer seis anos mais tarde.

 

 

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