REVOLUÇÃO FRANCESA: A CONVENÇÃO
REPUBLICANA
Entre 1792 e 1795, vigorou na França o regime
republicano, que era diretamente dirigido por uma Convenção, ou seja, uma
Assembleia de deputados eleita por sufrágio universal masculino. A primeira
ação tomada pelos dirigentes do novo regime foi a abolição da monarquia.
Visando ainda, respectivamente, à garantia da ordem e à materialização do
movimento por parte dos rebeldes, a Convenção criou o Comitê de Segurança Geral
e de Vigilância e estabeleceu 1792 como o ano I da república francesa.
No plano externo, as vitórias do
Exército francês, que, em 1793, já dominava o Império Austríaco, a Renânia e a
Sardenha, colaboraram para o aumento dos simpatizantes da Revolução entre as
classes populares francesas. Esta aparente estabilização revolucionária não se
refletia na população mais pobre da França, que, vivendo uma grande escassez de
alimentos, voltou a reivindicar os seus direitos.
A insatisfação foi sentida também
entre a nobreza e o clero refratário, que, juntos, insuflaram as camadas
populares em uma revolta na região francesa conhecida como Vendeia. Contribuiu
ainda para as convulsões sociais a descoberta de documentos que comprovavam a
traição de Luís XVI, que foi levado a julgamento pela Assembleia. Condenado por
traição, Luís foi executado na guilhotina em 21 de janeiro de 1793. Sua esposa,
Maria Antonieta, teve posteriormente o mesmo fim.
O ato da execução de Luís XVI
representava o fim de uma sociedade aristocrática e abria caminho para o
período mais radical da Revolução, agora comandada pelos jacobinos. A
guilhotina, criada para amenizar o sofrimento no momento da execução, seria
considerada, durante o período, o instrumento da justiça popular.
Contando com o apoio popular,
principalmente dos sans-culottes, as medidas tomadas pelos jacobinos foram
responsáveis pela radicalização dos princípios contidos na Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão. Entre as principais medidas tomadas pelos
jacobinos, podem ser destacadas:
• declaração de guerra à
Inglaterra, à Holanda e à Espanha, que ameaçavam a França;
• criação de uma tropa de 300 mil
homens;
• criação do Tribunal Revolucionário de Paris, visando julgar e
condenar os agentes da contrarrevolução;
• exclusão dos deputados girondinos da
Assembleia;
• promulgação de uma Constituição
em 1793, que estabeleceu o voto por sufrágio universal;
• decreto sobre o máximo geral
dos preços;
• separação entre Estado e Igreja
e adoção de um calendário republicano laico;
• organização do Comitê de
Salvação Pública, que dirigia os negócios políticos e militares, e do Comitê de
Segurança Nacional, que se ocupava da polícia política;
• realização de uma reforma
agrária, com a distribuição das terras confiscadas da nobreza aos camponeses
franceses;
• instituição do ensino primário
obrigatório e gratuito;
• abolição da escravidão nas
colônias francesas.
Insatisfeitos com as reformas
jacobinas, os girondinos insuflaram movimentos de contestação por toda a
França. Assim, visando à manutenção da Revolução e à centralização do poder nas
suas mãos, os jacobinos instituíram o Terror. Robespierre, que havia sido
eleito para o Comitê de Salvação Pública, passou a determinar a prisão e a
condenação de qualquer pessoa considerada inimiga da Revolução, situação que
suspendia as garantias individuais.
Entre 1792 e 1794, as mortes na
guilhotina, determinadas pelo Tribunal Revolucionário, atingiram mais de 30 mil
pessoas. Pela política do Terror, visava-se à satisfação do desejo de vingança
dos grupos mais radicais, mantinha-se a estabilidade do processo revolucionário
e demonstravase a força dos jacobinos. Ao longo da República Jacobina, o
radicalismo de Robespierre, conhecido como o Incorruptível, atingiu até os
próprios radicais, pois, tanto os considerados moderados ou indulgentes, como
Danton, quanto os radicais ou enrages (enraivecidos) passaram a ser
perseguidos.
Ao contrário do que era previsto,
tal divisão fez com que os jacobinos perdessem força e, aproveitando-se disso,
os 73 deputados girondinos, excluídos em 1793, retornaram à Convenção. Ainda
naquele ano, foi decretada a prisão de Robespierre, que posteriormente foi
executado. Em julho (Termidor, de acordo com o novo calendário) de 1794, tinha
início a Reação Termidoriana.
As principais medidas tomadas
nesse momento tinham como objetivo a eliminação dos excessos da fase jacobina.
Dessa forma, diversas conquistas populares – tais como a Lei do Máximo e o
Tribunal Revolucionário – foram anuladas, e os jacobinos passaram a ser
perseguidos a partir daquele novo movimento, nomeado Terror Branco. Por fim,
vale ressaltar que os deputados girondinos consolidaram a sua volta ao poder
através de uma nova Constituição, que, entre outros dispositivos, instaurava um
Diretório – eleito de forma censitária – para governar a França.
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