O MILAGRE ECONÔMICO
No governo de Médici observamos o uso massivo
dos meios de comunicação para instituir uma visão positiva sobre o Governo
Militar. A campanha publicitária oficial espalhava adesivos e cartazes
defendendo o ufanismo nacionalista. Palavras de ordem e cooperação como
“Brasil, Ame ou deixe-o” integravam o discurso político da época.
A
eficiência desta propaganda foi alcançada graças a um conjunto de medidas
econômicas instituídas pelo Ministro Delfim Neto. Influenciado por uma
perspectiva econômica de natureza produtivista, Delfim Neto incentivou o
reaquecimento das atividades econômicas sem o repasse destas riquezas à
sociedade. Conforme ele mesmo dizia, era preciso fazer o bolo crescer antes de
ser repartido. Em curto prazo, seu plano de ação se traduziu em índices de
crescimento superiores a 10% por cento ao ano.
O chamado “milagre
econômico” foi marcado pela realização de grandes obras da iniciativa
pública. Obras de porte faraônico como a rodovia Transamazônica, a ponte
Rio-Niterói e Usina Hidrelétrica de Itaipu passavam a impressão de um país que
se modernizava a passos largos. Entretanto, a euforia desenvolvimentista era
custeada por meio de enormes quantidades de dinheiro obtidas por meio de
empréstimos que alcançaram a cifra dos 10 bilhões de dólares.
A participação do
Estado na economia ampliou-se significativamente com a criação de
aproximadamente trezentas empresas estatais entre os anos de 1974 e 1979.
Diversas agências de ação política organizavam o desenvolvimento dos setores
econômico e social.
O Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), o Movimento Brasileiro de
Alfabetização (MOBRAL) e o Plano de Integração Social (PIS) formavam alguns dos
“braços” da ação política dos militares.
A expansão do
setor industrial, viabilizada por meio da expansão do crédito, a manutenção dos
índices salariais e a repressão política, incitou uma explosão consumista entre
os setores médios da população. A obtenção de uma casa própria financiada, a
compra de um carro e as compras no shopping começou a formar os principais
“sonhos de consumo” da classe média.
Entretanto, “o milagre” esvaiu com a mesma
velocidade que empolgou. No ano de 1973, uma crise internacional do petróleo
escancarou as fraquezas da nossa economia dando fim a toda empolgação. Na
época, o Brasil importava mais da metade dos combustíveis que produzia e, por
isso, não resistiu ao impacto causado pela alta nos preços do petróleo. Em
pouco tempo, a dívida externa e a onda inflacionária acabou com os sucessos do
regime.
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