NÁUFRAGOS,
TRAFICANTES E DEGREDADOS
EDUARDO BUENO
(1998)
Náufragos, traficantes e degredados', de
Eduardo Bueno, revela, com dramaticidade e riqueza de detalhes, um dos períodos
mais empolgantes, porém menos abordados, da nossa história - as primeiras
expedições ao Brasil, que ocorreram em seguida à descoberta, de 1500 a 1531.
Eduardo Bueno fez uma pesquisa minuciosa em documentos de época, como os
diários de bordo, relatos de viagem e fragmentos de cartas, para reconstituir,
com precisão e vivacidade, a incrível saga enfrentada pelos primeiros homens
brancos que viveram no país. Os que vieram parar nas praias brasileiras pelo
acaso de um naufrágio, os que chegaram nas primeiras missões de exploração, os
condenados ao degredo e os que simplesmente decidiram ficar no Brasil por livre
e espontânea vontade. Conhecer a história desses homens - vários deles casados
com as filhas dos principais chefes indígenas, exercendo importante papel na
tribo e intermediando o comércio com as potências européias - é indispensável
para se entender os rumos do futuro país. Nessa galeria de personagens
extraordinárias, figuras-chave na ocupação e colonização do Brasil, vamos
encontrar, além do mitológico Caramuru e de João Ramalho, outros bem menos
conhecidos, como o misterioso Bacharel de Cananéia, primeiro grande traficante
de escravos do Brasil; o grumete Francisco del Puerto, que viveu 14 anos entre
os nativos do Prata e depois traiu os europeus, ou o intrépido Aleixo Garcia,
que em 1524 marchou de Santa Catarina, com um exército particular de dois mil
índios, para atacar as cidades limítrofes do Império Inca. Ao resgatar o papel
desempenhado por estes, que podemos considerar os primeiros brasileiros, Bueno
ilumina as três décadas esquecidas de nossa história oficial, período em que,
entre outros fatos de grande destaque, o Brasil adquiriu seu nome e serviu de
modelo para 'A Utopia', de Thomas Morus.
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