AS AULAS REMOTAS E A
REALIDADE
Na
coluna anterior eu escrevi que neste mês o estado do Rio Grande do Sul iria
começar a utilizar uma plataforma online para as aulas, a qual ele denomina de
aulas remotas. Na verdade são aulas online
à distância, com a utilização do Google Sala de Aula. E realmente começou.
Tanto
professores, como alunos ganharam uma conta do @educar para ter acesso à
plataforma. Aí começam alguns problemas. Quando escrevo esta coluna nos
encontramos na metade do mês e nem todos os alunos ainda tiveram seus e-mails
realizados. O primeiro questionamento é como se dá inicio a um processo sem ter
todos os alunos cadastrados?
Mas
este é o menor dos problemas. Grande parte dos alunos mesmo tendo as suas
contas não acessam. E por que esses estudantes não acessam? Porque eles não têm
internet disponível para ficarem conectados; ou o aparelho celular disponível
que eles utilizam não tem recursos suficientes para a utilização da
plataforma. Outro fator importante a ser
considerado é o costume. Nossos alunos não tem o hábito de estudar dessa forma.
Ao contrário do que as pessoas pensam, o estudo a distância ou remoto como o
estado denomina requer uma disciplina muito maior do que o estudo presencial. E
infelizmente essa disciplina e essa dedicação não existe. Uma pequena parcela
consegue.
Além
disso, a cobrança da Secretaria de Educação em cima dos professores é
estafante. Exigem um mundo de coisas como relatórios intermináveis de tudo o
que ocorre. Não estou dizendo que os professores não devem ser cobrados, muito
pelo contrário. Mas para se cobrar tem que ter moral, o que o governo estadual,
em relação ao magistério, não tem. Para se exigir um bom trabalho, tem que se
dar condições para que ele se realize. É muito fácil colocar uma plataforma no
ar, recurso como falei na coluna anterior é bom, e dizer que as aulas estão
funcionando. Não é verdade. As aulas não estão funcionando. Muitos professores
e alunos não sabem utilizar os recursos e, como ensina-los a usar a distância, de
forma remota. É muito complicado.
Sabemos
que o momento é de exceção. Mas me parece que o governo do Rio Grande do Sul,
está mais preocupado em mostrar que está utilizando tecnologias de ponta para a
educação. Mas não preparou nem professores, nem os alunos para a utilização
desses recursos. E, principalmente, grande parte das famílias dos estudantes
não tem os recursos técnicos, principalmente o acesso à internet e equipamentos
adequados para a realização das atividades escolares. Como também está desconsiderando
as características de cada comunidade escolar.
Criticar
é muito mais fácil que fazer. Mas os professores com certeza estão tentando
fazer funcionar. E por mais bem intencionado que o governo possa estar,
esbarramos nas condições socioeconômicas e até culturais da nossa sociedade.
Uma ação importante e urgente que o governo tem que fazer é garantir o acesso à
internet a todos os estudantes. Se isso
não for feito, grande parte do esforço e do trabalho terá sido em vão. E uma
coisa muito importante ficou evidente nesse período. Nada, nenhuma tecnologia,
por melhor que seja, substitui o contato entre professor e aluno, para que
realmente a aprendizagem aconteça.
Fabrício Colombo de Aguiar.
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