A
PROSTITUIÇÃO NA ANTIGUIDADE
A
questão sexual é tema que intriga vários historiadores ao longo do tempo.
Afinal de contas, o exame sério e detalhado desse tema tem o grande poder de
reavaliar o lugar que as práticas sexuais possuem no mundo contemporâneo e
estabelecer a construção de outras lógicas de sentido para uma ação que não tem
nada de universal. Além disso, a observância de relatos sobre a prática sexual
também abre espaço para a compreensão de outras questões políticas, sociais e
econômicas que extrapolam a busca pelo prazer.
Com
respeito à prostituição, vemos que diversos autores relataram o oferecimento do
sexo em troca de alguma compensação. Na Grécia Antiga, por exemplo, observamos
uma hierarquia entre prostitutas que poderiam não passar de meras escravas, mas
que também detinham dotes artísticos ou circulavam livremente entre a elite. Já
entre os romanos, a atividade era reconhecida, regulamentada, e as chamadas
“lobas” chegavam até mesmo a pagar imposto em cima de seus ganhos.
Quando
atingimos o mesmo tema na Antiguidade Oriental, é comum ouvirmos falar sobre a
prática da prostituição com fins rituais. O geógrafo grego Strabo, por exemplo,
relatou que os assírios ofereciam suas filhas ainda muito jovens para
praticarem a prostituição ritual com aproximadamente 12 anos de idade.
Heródoto, considerado o pai da História, descreveu de forma repugnante a
prostituição babilônica realizada no interior do templo da deusa Ishtar.
Não
se restringindo ao mundo acadêmico, vemos que essa noção do ato sexual com fins
religiosos ainda tem o seu imaginário explorado. No fim da obra “O código da
Vinci” temos uma cena em que a prática sexual é resignificada de modo a se
afastar dos tabus e valores que assentaram o sexo na cultura ocidental. Entre
relatos e representações, observamos que alguns historiadores vêm questionando
fortemente essas narrativas que vinculam o sexo e a prostituição na antiguidade
com algum ato sagrado.
Para
essa corrente revisionista, a descrição do ato sexual entre algumas
civilizações antigas partiu de cronistas e observadores interessados em detrair
a cultura estrangeira sob o ponto de vista moral. Além disso, eles buscam e
citam, entre os vários povos do Crescente Fértil, a presença da prostituição
como meio de sobrevivência e a sua oferta pelas ruas dos centros urbanos.
Observamos assim uma tendência que busca o fim da mitificação e da mistificação
da prostituição entre os antigos.
Entre
essa disputa, observamos que a sacralização do sexo na Antiguidade tende a
produzir um modo de interpretação que não questiona devidamente alguns
documentos trabalhados nessa época. Por outro lado, advoga em favor de uma
reconstrução do passado em que o tom exótico dado à prática sexual cede lugar a
outras narrativas em que a prostituição teria significados mais próximos aos
que reconhecemos no mudo contemporâneo.
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