A IGREJA MEDIEVAL


A IGREJA MEDIEVAL
Para compreender a influência da Igreja no Período Medieval, é necessário um pequeno histórico do cristianismo desde a Antiguidade. O cristianismo expandiu-se a partir da região da Palestina pelas regiões em torno do Mar Mediterrâneo chegando até Roma, sede do Império Romano. Nesse período, o cristianismo iniciou a sua penetração entre as classes populares, já que oferecia a possibilidade de salvação ao grupo social que mais sofria. Até o século IV, os cristãos eram perseguidos no Império por serem monoteístas, por contestarem o militarismo da cultura romana e por negarem o caráter divino do imperador. Com o agravamento da crise no Império, no entanto, o cristianismo passou a se expandir e a conquistar adeptos entre as classes dirigentes.
Em 313 d.C., com o Edito de Milão, Constantino concedeu liberdade de culto aos cristãos e converteu-se ao cristianismo que, naquele momento, ainda era religião de uma minoria. Com Teodósio, através do Edito de Tessalônica, o cristianismo foi considerado a religião oficial, e, dessa vez, os pagãos passaram a ser perseguidos. Prestigiados, os cristãos alcançaram altos cargos no Império, e os bispos passaram a cuidar da administração das cidades. O cristianismo tornavase, portanto, uma religião de Estado. Mesmo diante do colapso do Império Romano, a Igreja cristã manteve-se unida, o que favoreceu o seu fortalecimento.
Com a conversão dos reis germânicos, iniciada com Clóvis, do reino dos francos, a Igreja adquiriu caráter universal. Para isso, contou com auxílio dos monarcas que, em troca, recebiam a legitimação do seu poder. Em uma sociedade marcada pelo medo, seja da fome, seja das guerras, o cristianismo oferecia alívio em momentos de desespero, o que contribuiu para a sua expansão.
Gradativamente, a Igreja tornou-se a instituição mais poderosa do mundo medieval, tendo sido a própria educação, em grande parte, controlada pelo clero por meio do monopólio da escrita e da leitura. Para o homem medieval, a resposta para os questionamentos se encontrava no sagrado, e era a Igreja que fornecia explicações para essas questões. A visão medieval era marcada por essa religiosidade e os sacrifícios no mundo terreno seriam compensados após a morte, na vida eterna. Dessa maneira, a Igreja conseguia garantir a ordem e a estrutura social, alegando que os sofrimentos dos trabalhadores na Terra terminariam no reino dos céus.
A adoração aos santos e, principalmente, à Virgem Maria constituía um laço que unia os homens medievais. As peregrinações e os jejuns eram ações importantes na luta contra a suposta presença do demônio. A Igreja estava presente nos momentos principais da vida do homem, como o nascimento, o matrimônio e a morte. Podia julgar questões relativas ao casamento e excomungar aqueles que não cumprissem suas regras, tendo poder para excomungar até um rei.
Devido à sua proximidade com a Igreja, a cultura medieval foi durante muito tempo vista como inferior àquelas que lhe antecederam e sucederam. Essa visão, contudo, pode ser contestada com base em uma análise de aspectos dessa cultura. A cultura medieval alcançou seu apogeu na construção das grandes catedrais, igrejas de cada diocese e normalmente a residência dos bispos. Algumas delas demoraram um século para serem construídas e, na sua construção, era necessário o trabalho de arquitetos e pedreiros remunerados.
Dos séculos X ao XII, predominou o estilo românico, caracterizado pela horizontalidade e pelo caráter de fortificação. O material básico utilizado era a pedra e na sua estrutura eram incorporadas esculturas e murais. A partir do século XII, o estilo gótico ganhou força. Sua característica principal era a verticalidade. A altura das torres apontando para o céu reforçava a grandeza da Igreja Católica. A luz era restrita e penetrava parcialmente pelos vitrais coloridos que retratavam símbolos sagrados.
Na Filosofia medieval, o pensamento foi influenciado pelas obras de Santo Agostinho até o século XI. A partir desse período, as obras de São Tomás de Aquino passam a dominar a Filosofia na Idade Média. Através da redescoberta das obras de Aristóteles, sua teoria pretendia promover a conciliação entre a fé e a razão. Na Escolástica, forma de pensamento que predominou na Baixa Idade Média, tentava-se promover a junção entre a Teologia e a Filosofia. As universidades medievais foram importantes centros de difusão do pensamento de Tomás de Aquino.


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