A AMÉRICA INGLESA


A AMÉRICA INGLESA
 Diferentemente dos Estados ibéricos, a Inglaterra não apresentou condições internas favoráveis ao processo colonizador do Novo Mundo no início da Idade Moderna. O advento da Guerra dos Cem Anos, encerrada em meados do século XV, bem como os conflitos religiosos advindos da Reforma Anglicana no início do século XVI inviabilizaram um projeto colonizador na América.
Porém, esse cenário desfavorável não impediu os esforços da dinastia Tudor em patrocinar incursões no continente encontrado. Destacam-se nesse esforço as ações do navegante Walter Raleigh, que obteve autorização de Elizabeth I para a realização de expedições na América do Norte em 1584, 1585 e 1587, fundando a colônia de Virgínia, em homenagem à rainha. Apenas no século XVII, todavia, a região da América do Norte foi intensamente ocupada por colonos ingleses.
A partir de 1603, o rei Jaime I, primeiro monarca da dinastia Stuart, iniciou esforço visando a promover a ocupação das terras americanas. A estratégia consistia na fundação de companhias controladas pelos setores burgueses britânicos, responsáveis, então, por monopolizar o comércio e o direito de colonização das regiões concedidas pela Coroa.
Atuaram, nesse projeto, a companhia de Londres e a companhia de Plymouth. A primeira foi responsável pelo controle da região entre a Flórida e o Rio Potomac, enquanto a segunda companhia controlava os territórios entre o Cabo Fear e Nova Iorque, região que passou a ser tratada como Nova Inglaterra.
Além das companhias de comércio, outros fatores foram fundamentais para a ocupação da América pela Inglaterra. Entre eles, está o fato de que, à época da dinastia Stuart, os britânicos vivenciaram uma série de distúrbios políticos e religiosos, o que estimulou um intenso quadro migratório para a região colonial inglesa.
Os puritanos, vítimas do radicalismo religioso existente no reino inglês, encontraram no Novo Mundo a possibilidade de professar a sua fé sem as perseguições desencadeadas pelas disputas políticas na metrópole. Os imigrantes do navio Mayflower representaram bem o espírito dos refugiados religiosos, ao fundarem a New Plymouth na colônia de Massachusetts, com a autorização da Companhia de Londres, no ano de 1620. Além dos puritanos, outros grupos religiosos encontram na América espaço para a manutenção de suas crenças, como católicos, presbiterianos e quakers.
Os refugiados políticos e religiosos também contaram com a presença de outros imigrantes, seja por meio da arbitrária e numerosa entrada de escravos africanos que abasteceram as fazendas exportadoras do Sul, seja pelos camponeses, vítimas da política de cercamento na Inglaterra, que foram submetidos ao trabalho forçado na condição de servos por contrato.
Essa modalidade de trabalho presente nas colônias inglesas foi marcada por uma relação de troca: os camponeses eram beneficiados pelo pagamento da passagem para as regiões coloniais, além da subsistência durante um período de cerca de sete anos, mas seriam obrigados a exercer inúmeras atividades para aqueles que custeavam tal empreitada.
Essa submissão era estimulada pela promessa da aquisição de terras na região colonial após o cumprimento do prazo estipulado. Calcula-se que aproximadamente 70% dos imigrantes ingleses chegavam à América nessas condições, sendo esse tipo de trabalho presente em todos os territórios coloniais, mas concentrado, sobretudo, nas áreas do Centro e do Norte.
A ocupação colonial intensificou-se com o avanço do século XVII: enquanto em 1620 apenas 2 500 imigrantes ocupavam a região, em 1670 já eram 114 000, incluindo, nesse grupo, milhares de escravos negros oriundos da África.

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