DIP
A
instalação do regime ditatorial varguista trilhou uma nova página na história
do cenário cultural brasileiro. Acompanhando de perto o desenvolvimento dos
meios de comunicação no Brasil, o governo de Getúlio Vargas teve nítida
preocupação em censurar e orientar as ideias e programas divulgados nesse
período. Para tanto, foi criado o DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda –
que passou a regulamentar o material publicado nos rádios, jornais, cinemas e
revistas desta época.
Além do
controle, o DIP também fez claro uso dos meios de comunicação como instrumento
elogioso ao regime e disseminador de um sentimento nacionalista. Nas escolas,
os técnicos do governo passaram a se preocupar com a produção de um material
didático que pudesse desenvolver um sentimento de forte apelo nacionalista.
Dessa forma, o interesse estatal e o amor à nação se fundiam em um mesmo
discurso que deveria se configurar harmonicamente.
Nas
redações dos jornais, a possibilidade de se divulgar alguma notícia contra
Getúlio Vargas era minimizada de todas as formas possíveis. Se por acaso o DIP
considerasse alguma notícia, artigo ou coluna subversivo, o Estado tinha
poderes para fechar a empresa de comunicação ou suspender o fornecimento de
papel ao jornal. Além disso, os veículos que faziam propaganda positiva do
Estado Novo eram agraciados com a compra de seu espaço publicitário para
propaganda oficial.
Esse mesmo tom de
intervenção e incentivo também foi empregado junto às primeiras estações de
rádio que se firmavam no Brasil. Muitos compositores dessa época recebiam
dinheiro em troca da fabricação de músicas que exaltassem o Brasil e a figura
de Getúlio Vargas. Em várias ocasiões, o DIP proibiu a gravação de sambas que
tematizavam a figura do malandro, que era completamente contrária ao ideal de
valorização do trabalho defendido pelo governo.
Um dos mais conhecidos programas de rádio
dessa época foi “A Hora do Brasil”, momento em que todas as rádios do
país transmitiam uma série de matérias radiofônicas que exaltavam as
realizações do governo de Getúlio Vargas. Dessa maneira, Vargas procurava
legitimar seu regime político dando a ele um tom providencial e soberano que
deveria ser exaltado por todos os brasileiros. De representante da nação, o
presidente parecia ser transformado em um líder predestinado.
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