Gandhi e a Independência da Índia
Entre as
consequências da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), pode-se apontar a
descolonização e o surgimento de várias novas nações na África e na Ásia.
São países
que se libertaram do jugo das velhas potências colonialistas, como a Argélia e
o Congo, continente africano, e o Laos, a Tailândia, o Camboja e a Indonésia,
no asiático. Contudo, um dos momentos mais importantes desse processo foi a independência
da Índia.
País de
dimensões continentais, com cerca de 3,3 milhões de km², o país - dividido em
vários principados - era dominado pela Inglaterra desde o século 18 e
constituía uma das mais importantes colônias britânicas sob o aspecto
econômico. Em 1885, surgiu o primeiro movimento nacionalista na região,
encabeçado por intelectuais indianos.
Entretanto,
até o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) o movimento nada conseguiu. A
partir daí, passou a enfrentar uma Inglaterra enfraquecida economicamente e com
dificuldades para manter seu extenso império, construído ao longo dos séculos
18 e 19. Por outro lado, a Índia estava marcada há cinco séculos pela divisão
religiosa entre hindus e muçulmanos, grupos religiosos que criaram suas
próprias organizações políticas em prol da independência.
O grupo que se
destacou foi o Partido do Congresso, que reunia os hindus. Contava com um líder
extraordinário, o advogado Mohandas Gandhi, chamado de "Mahatma"
ou "Grande Alma", nome que ele mesmo rejeitava. Gandhi pregava a
resistência à dominação e a luta contra os britânicos por meio da não-violência
e da desobediência civil, métodos que já havia empregado contra o
Apartheid, na África do Sul, onde vivera.
A ação de Gandhi
consistia em desobedecer as leis inglesas sem se importar em sofrer as
consequências do ato, em boicotar os produtos ingleses, em fazer greves de fome
para que hindus e muçulmanos deixassem de lado as divergências religiosas e se
unissem em favor da causa comum: a independência. Sua figura acabou por
conquistar admiradores no mundo todo, inclusive na Inglaterra e o gandhismo
inspira até hoje os movimentos pacifistas.
Ainda
assim, os adeptos do islamismo na Índia se uniram na Liga Muçulmana, sob o
comando de Mohamed Ali Jinnah, decididos a agir por conta própria o que os
levava a frequentes choques com os hindus. Os governantes ingleses se
aproveitavam dessas realidades e as insuflavam, como forma de retardar o
processo de independência.
A Segunda Guerra
Mundial, porém, enfraqueceu ainda mais a Inglaterra, de modo que, ao fim do
conflito, não conseguiu mais manter o domínio sobre a Índia. Em 15 de agosto de
1947, a independência da Índia foi concedida. O país, porém, ainda enfrentava
forte tensão entre os grupos religiosos rivais e se fragmentou em dois, a Índia
propriamente dita e o Paquistão, sendo que este estava geograficamente dividido
em Oriental e Ocidental, com um enclave indiano entre ambos.
Portanto, a
violência religiosa e a disputa por terras prevaleciam. Gandhi, que pregava a
paz e a união de hindus e muçulmanos, foi assassinado em 1948 por um radical
hindu. No mesmo ano, a ilha do Ceilão, a sudeste do subcontinente indiano,
tornou-se um Estado independente, com o nome de Sri Lanka. Do mesmo modo, o
Paquistão oriental formaria um novo país, Bangladesh, em 1971.
Hoje, na
República da Índia, os conflitos entre hindus e muçulmanos são menores, embora
persistam. Outros dois grupos religiosos também têm força no país, os budistas
e os sikhs, uma seita hinduísta com características próprias. As relações com o
Paquistão ainda são conflituosas, em especial no que se refere à província
indiana da Caxemira, no norte do país.
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