O
MOVIMENTO OPERÁRIO DURANTE A REPÚBLICA VELHA
Na
República Velha temos a vivência de todo um processo de transformações
econômicas responsáveis pela industrialização do país. Não percebendo de forma
imediata tais mudanças, as autoridades da época pouco se importavam em trazer
definições claras com respeito aos direitos dos trabalhadores brasileiros. Por
isso, a organização dos operários no país esteve primeiramente ligada ao
atendimento de suas demandas mais imediatas.
No início
da formação dessa classe de trabalhadores percebemos a predominância de imigrantes
europeus fortemente influenciados pelos princípios anarquistas e
comunistas. Contando com um inflamado discurso, convocavam os trabalhadores
fabris a se unirem em associações que,
futuramente, seriam determinantes no surgimento dos primeiros sindicatos. Com o
passar do tempo, as reivindicações teriam maior volume e, dessa forma, as
manifestações e greves teriam maior expressão.
Na primeira
década do século XX, o Brasil já tinha um contingente operário com mais de 100
mil trabalhadores, sendo a grande maioria concentrada nos estados do Rio de
Janeiro e São Paulo. Foi nesse contexto que as reivindicações por melhores
salários, jornada de trabalho reduzida e assistência social conviveram com
perspectivas políticas mais incisivas que lutavam contra a manutenção da
propriedade privada e do chamado “Estado Burguês”.
Entre os
anos de 1903 e 1906, greves de menor expressão tomavam conta dos grandes
centros industriais. Tecelões, alfaiates, portuários, mineradores, carpinteiros
e ferroviários foram os primeiros a demonstrar sua insatisfação. Notando a
consolidação desses levantes, o governo promulgou uma lei expulsando os
estrangeiros que fossem considerados uma ameaça à ordem e segurança
nacional. Essa primeira tentativa de repressão foi imediatamente respondida por
uma greve geral que tomou conta de São Paulo, em 1907.
Mediante a
intransigência e a morosidade do governo, uma greve de maiores proporções foi
organizada em 1917, mais uma vez, em São Paulo. Os trabalhadores dos setores
alimentício, gráfico, têxtil e ferroviário foram os maiores atuantes nesse novo
movimento. A tensão tomou conta das ruas da cidade e um inevitável confronto
com os policiais aconteceu. Durante o embate, a polícia acabou matando um jovem
trabalhador que participava das manifestações.
Esse evento
somente inflamou os operários a organizarem passeatas maiores pelo centro da
cidade. Atuando em outra frente, trabalhadores formaram barricadas que se
espalharam pelo bairro do Brás resistindo ao fogo aberto pelas autoridades. No
ano seguinte, anarquistas tentaram conduzir um golpe revolucionário frustrado
pela intercepção policial. Vale lembrar que toda essa agitação se deu na mesma
época em que as notícias sobre a Revolução Russa ganhavam os jornais do mundo.
Passadas
todas essas agitações, a ação grevista serviu para a formação de um movimento
mais organizado sob os ditames de um partido político. No ano de 1922,
inspirado pelo Partido Bolchevique Russo, foi oficializada a fundação do PCB,
Partido Comunista Brasileiro. Paralelamente, os sindicatos passaram a se
organizar melhor, mobilizando um grande número de trabalhadores pertencentes a
um mesmo ramo da economia industrial.
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