O MOVIMENTO MODERNISTA
A vida
cultural brasileira, como, aliás, de grande parte do mundo ocidental, nas
primeiras décadas do século XX, era fortemente influenciada pelos europeus, em
particular, pelos franceses. No modo de se vestir, na culinária, na
pintura, no teatro e em outras manifestações, o padrão francês era visto pelas
elites como modelo a ser seguido. Com o fim da I Guerra Mundial em 1918, esse
panorama começou a mudar. A guerra resultou no declínio econômico e politico
dos países europeus envolvidos no conflito, nas Américas, passou-se, então, a duvidar
da superioridade cultural europeia.
Nos
anos 1920, em diversas cidades do Brasil, principalmente em São Paulo e no Rio
de Janeiro, surgiram jornais, revistas e manifestos publicados por artistas e
intelectuais discutindo o que era ser brasileiro e preocupando-se com a modernização
do país.
Recusavam-se a copiar padrões europeus,
propondo uma nova maneira de pensar e definir o país, com a valorização da memória
nacional e a pesquisa das raízes culturais dos brasileiros. Era o movimento
modernista, que se manifestou com grande impacto em São Paulo. Entre 13 a
17 de fevereiro de 1922, ocorreu na cidade de São Paulo a Semana de Arte
Moderna. No Teatro Municipal de São Paulo, artistas e intelectuais fizeram
apresentações de suas obras, exposições de pintura e escultura, concertos
musicais e realizaram palestras e debates.
Ser moderno era pesquisar as raízes da
cultura brasileira, ou seja, a produção artística tinha de se inspirar na
cultura popular: lendas, músicas, contos, entre outras manifestações. A
proposta dos modernistas de 1922 era criar uma arte nacional: um país
que simplesmente reproduzia um padrão europeu não interessava a eles. Após a
Semana de Arte Moderna, os artistas se dividiram em várias vertentes. Uma
delas, representando a ala mais conservadora, organizou-se no movimento
verde-amarelo. Outro grupo, liderado por Mário de Andrade, o passado e as
tradições não deviam ser idealizados, como faziam os verdes-amarelistas:
deviam servir a compreensão do presente. Nesse mesmo grupo, Oswald de Andrade
liderou o movimento antropofágico. Trata-se da seguinte ideia: no
passado, os indígenas comiam as pessoas pensando que, assim, iriam absorver
suas qualidades. Para Oswald de Andrade, o Abaporu, personagem criado por
Tarsila do Amaral, selecionava o que comia. Desse modo, não se tratava de
recusar a cultura europeia, mas de recebê-la de maneira critica. Era necessário
selecionar o que poderia contribuir para a construção da nacionalidade e
adequá-la ao contexto brasileiro.
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