AS REVOLUÇÕES LIBERAIS DE 1820
Apesar dos esforços restauradores do Congresso de Viena, os movimentos liberais e nacionalistas não foram completamente sufocados. O século XIX seria, desse modo, marcado pelas tentativas de consolidação do modelo liberal e pela luta contra os vestígios absolutistas em várias nações europeias. Não se pode restringir apenas ao liberalismo o conteúdo desses movimentos, já que o crescente nacionalismo levaria ao surgimento de novos Estados. Além disso, os impactos da Revolução Industrial já podiam ser sentidos através da presença do operariado e de ideias socialistas de forma marcante, em especial a partir de 1848.
MOVIMENTOS DE 1820 ESPANHA
Ao retornar ao trono após a derrota de Napoleão, o rei espanhol, Fernando VII, jurou a Constituição, elaborada ainda durante o domínio francês sobre a Espanha. Não levaria muito tempo, no entanto, para o monarca suspendê-la. Seguiram-se outras medidas de caráter conservador, como a deportação de membros liberais do Parlamento espanhol, o retorno de privilégios do clero e da nobreza, a volta da atuação da Inquisição e o fechamento de órgãos de imprensa e universidades.
Diante dessa situação, em 1820, iniciou-se em Cádiz um movimento contra a volta do absolutismo e a favor da constitucionalização. A revolta contou com a participação de militares que estavam embarcando para reprimir os movimentos de emancipação da América e chegou a Madri. Pressionado pelos acontecimentos, o rei jurou novamente a Constituição até que tropas da Santa Aliança fossem acionadas e reprimissem a insurreição.
MOVIMENTOS DE 1820 PORTUGAL
O Estado lusitano vivia uma situação peculiar, pois, mesmo após a derrota dos franceses bonapartistas, o país vinha sendo dominado por o ciais ingleses enquanto a família real se mantinha na nova sede do Império, o Brasil. A crise econômica era grave e, em 1820, eclodiu a Revolução do Porto. Como meio de solucionar a crise, os revolucionários desejavam o retorno do Brasil à condição de colônia e o m do domínio inglês.
Do ponto de vista político, no entanto, os revoltosos eram liberais e desejavam o retorno do rei e sua submissão a uma Constituição. Em 1821, D. João VI retornou a Portugal e jurou a Constituição de inspiração espanhola. Contrariando o desejo da Revolução, no entanto, o príncipe D. Pedro permaneceu no Brasil, que acabou não retornando à condição de colônia e se tornou independente um ano mais tarde.
MOVIMENTOS DE 1820 PENÍNSULA ITÁLICA
A Península Itálica, ainda marcada pela fragmentação, assistiu a movimentos de caráter nacionalista. No reino de Nápoles, governado por Fernando IV, militares associados ao grupo nacionalista dos carbonários obrigaram o rei a se submeter a uma Constituição. Agitações liberais também foram sentidas nas regiões da Lombardia e de Veneza, que estavam sob o domínio austríaco. Mais uma vez as tropas da Santa Aliança atuaram, reprimindo os movimentos.
MOVIMENTOS DE 1820 GRÉCIA
A região da Grécia fazia parte do Império Turco-Otomano e, em 1821, um movimento nacionalista e liberal iniciou a luta pela Independência grega. Internamente, a luta contava com o apoio de grande parte da população e, externamente, com o auxílio da Inglaterra, França e Rússia, que possuíam interesses econômicos e estratégicos na região.
Pelo Tratado de Adrianópolis, em 1829, a paz foi selada e a Independência da Grécia reconhecida pelos seus aliados. Interessante notar que parte das nações que compunham a Santa Aliança lutou, nesse caso, a favor de um movimento de tendência liberal e nacionalista. Tal atitude acabou gerando um desentendimento entre os membros da Santa Aliança, que, a partir de então, se enfraqueceu.
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