LITERATURA INGLESA – PARTE 1

LITERATURA INGLESA – PARTE 1

Literatura Inglesa é toda a literatura escrita ou composta em língua inglesa, mesmo que por autores que não são necessariamente da Inglaterra ou outros países cuja língua principal é o inglês (exemplos: Joseph Conrad era polaco, Robert Burns era escocês, James Heller era irlandês, Edgar Allan Poe era estadunidense, Salman Rushdie e William Makepeace Thackeray são indianos). Nas academias ou universidades, o termo refere-se frequentemente a departamentos e programas práticos de Estudos Ingleses, designação que procura dar conta do facto de as antigas colónias britânicas terem desenvolvido a sua literatura própria e de falarem variantes do inglês. Por outras palavras, a literatura inglesa é tão diversa como as diversas variantes de inglês faladas no mundo.

Devido ao fato de a herança galesa e romana ter sido quase totalmente apagada por invasões das populações da baixa Alemanha e Escandinávia, é somente no início da Idade Média que aparecem as primeiras palavras em inglês, escritas em dialeto Anglo-Saxónico, agora conhecido como inglês antigo (Old english), cujo texto sobrevivente mais antigo é Cædmon's Hymn de Cædmon). A tradição oral era muito forte nos primórdios da cultura inglesa, e a maioria dos trabalhos literários foi escrita para ser representada. Os poemas épicos eram bastante populares, e muitos deles, incluindo Beovulfo, sobreviveram até aos dias de hoje, como obras literárias escritas em língua inglesa antiga.

Existia um idioma que lembrava o norueguês e, mais ainda, o islandês atuais, embora muito do verso anglo-saxão nos manuscritos existentes seja provavelmente uma adaptação "suave" dos primeiros poemas de guerra escandinavos e germânicos. Quando tais poemas foram trazidos para Inglaterra, eles começaram a ser transmitidos oralmente de uma geração para outra, e a constante presença de versos aliterativos, com ritmo constante (atualmente manchetes de jornal e propagandas usam abundantemente estas técnicas, tais como em Maior é Melhor), ajudava o povo anglo-saxão a lembrá-los melhor. Tal ritmo é uma característica do idioma alemão e é oposto aos poemas em línguas românicas, vocálicos e sem ritmo. Os primeiros versos escritos datam da época de fundação dos primeiros monastérios cristãos, por Santo Agostinho de Cantuária e seus discípulos, e é razoável acreditar que esses poemas tenham sido, de alguma forma, adaptados com base em leituras cristãs. Mesmo sem suas linhas grosseiras, os poemas de guerra viquingues ainda têm o cheiro de sangue feudal, e suas rimas consonantes soam como encontros de espadas sob o triste céu do norte: há ainda um senso de perigo iminente em suas narrativas. Em pouco tempo, todas as coisas devem chegar a um fim, assim como Beovulfo acaba morrendo nas mãos de um gigantesco monstro que ele passara a vida combatendo. Os sentimentos de Beovulfo, de que nada continua e que a juventude e alegria irão se tornar morte e dor, penetraram no Cristianismo que irá dominar a futura paisagem da ficção inglesa. O tema dos idos tempos dourados (ubi sunt) é, por exemplo, recorrente em Hamlet ("Alas, poor Yorick..." traduzindo: "Ai de mim, pobre Yorick... "), para não mencionar a poesia da era jacobina (1567–1625). Com exceção da levemente amorosa e otimista literatura da Restauração e da chamada era augusta, a melancolia e a angústia permanecem como tema favorito dos escritores de língua inglesa, embora o romance gótico e o pré-romantismo já marcassem o nascimento da sensibilidade romântica moderna.

Quando Guilherme, o Conquistador transformou a Inglaterra em uma parte da Anglo-Normandia em 1066 e introduziu o normando nas ilhas britânicas, a velha poesia inglesa continuou a ser lida na língua original. Foi somente no início do século XIII, quando Albion tornou-se independente e cortou suas relações com a França, que a língua realmente mudou. Como os Normandos foram assimilados pela cultura principal, seu francês penetrou nas classes mais baixas da sociedade, mudando a gramática e o léxico do inglês antigo. Embora não se tenha tornado uma língua normanda, o inglês de Geoffrey Chaucer é muito mais próximo ao inglês dos dias atuais do que a linguagem falada no século anterior. O falante de inglês atual não pode ler Chaucer (inglês médio) sem dificuldade mas pode captar a essência da história; no entanto, ele só pode ler Beovulfo (inglês anglo-saxão) se transcrito para o inglês moderno.

Na Alta Idade Média (1200-1500), os ideais de amor cavalheiresco entraram na Inglaterra, e os autores começaram a escrever romances, seja em prosa ou verso. Tornaram-se especialmente populares os contos sobre Rei Artur e sua corte. O poema Sir Gawain and the Green Knight ('Sir Gawain e o Cavaleiro Verde') mostram muitas das feições-chave da literatura desse tempo: o legendário reino de Artur como cenário, a ênfase no comportamento cavalheiresco e um colorido religioso.

O teatro medieval inglês era evidentemente religioso. Peças de mistério eram encenadas nas cidades e vilarejos para celebrar as principais festas, e as menos formais, tais como as farsas e mascaradas, também apresentavam temas natalinos.

O primeiro autor inglês, Geoffrey Chaucer (1340 -1400) escrevia em inglês médio, ou seja, um inglês com influências da língua normanda e do latim. Seu mais famoso trabalho é The Canterbury Tales ('Os Contos da Cantuária'), uma coleção de histórias em uma variedade de gêneros, contada por um grupo de peregrinos a caminho da Cantuária. Consideravelmente, são de todos os estilos de vida, o que reflete muito da cultura inglesa da época e da linguagem que se usava. Mas, embora Chaucer seja certamente um autor inglês, ele foi inspirado por desenvolvimentos literários que tiveram lugar em outros pontos da Europa, especialmente na Itália. The Canterbury Tales de Chaucer é bastante influenciado pelo Decamerão de Giovanni Boccaccio. A Renascença tinha feito sua aparição na Inglaterra.

 

 

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