GOVERNO COLLOR (1990 - 1992)

GOVERNO COLLOR (1990 - 1992)

O novo governo assumiu o poder carregando a esperança de milhões de brasileiros na redução da acelerada in ação que corroía a economia brasileira. O início dessa luta veio a partir do chamado Plano Collor, divulgado logo depois da posse do presidente, seguindo alguns fundamentos do Plano Cruzado, porém, tentando evitar os erros de 1986. O novo plano repetiu a forma de modificação da moeda, que retornou ao cruzeiro, estabeleceu o congelamento dos preços e impediu o deslocamento dos recursos de conta corrente para consumo, através da proibição de saques de valores acima de 50 000 cruzeiros, durante 18 meses.

Para evitar a emissão de moeda, o governo tentou controlar os gastos públicos, reduzindo a máquina estatal através de demissões e privatizações. A facilitação nas importações garantiria o acesso a produtos que pudessem faltar na economia, caso algum setor retirasse o produto de circulação para pressionar o aumento de preços.

O Plano, elaborado sob a chefia da economista Zélia Cardoso de Mello, obteve um relativo sucesso no combate à in ação nos primeiros meses, principalmente em virtude da ausência de recursos financeiros circulantes. A esperança em solucionar os problemas econômicos do Brasil fez com que quase todos os setores da sociedade aceitassem o arrocho financeiro. As consequências foram danosas para muitas pessoas que mantinham suas reservas na caderneta de poupança e perceberam que estavam sem o dinheiro que haviam economizado.

A indústria e o comércio também foram prejudicados, enfrentando uma grande recessão, já que não existia um amplo mercado por falta de recursos dos consumidores. Meses após o lançamento do Plano, começava a car evidente que o remédio doloroso do confisco não fazia efeito. Em janeiro de 1991, o governo lançava uma nova tentativa frustrante de combater a inflação através do Plano Collor II.

No âmbito internacional, o Brasil oficializou, em 26 de março de 1991, a criação do Mercosul (Mercado Comum do Sul), com a participação de Argentina, Paraguai e Uruguai. A política de globalização do governo estava associada a um enorme esforço em seguir a cartilha econômica dos organismos internacionais, em especial a do chamado Consenso de Washington, que inseria o Brasil no universo do neoliberalismo.

Importações, privatizações, redução dos gastos públicos eram tratadas como regras para a modernização do país. Também o estilo de vida do presidente – as constantes corridas matinais nas redondezas de sua residência em Brasília, sempre vestindo camisetas com dizeres otimistas e ufanistas – era associado a esse novo momento que se pretendia para o país.

No final de 1991, o presidente Collor foi vítima de várias denúncias de corrupção em seu governo. A principal acusação partiu do seu próprio irmão, Pedro Collor, que informou à revista Veja que o presidente permitia a existência de uma rede de influência chefiada pelo ex-tesoureiro de campanha, o empresário Paulo César Farias.

O chamado “Esquema PC” funcionava por meio de favores governamentais concedidos a empresários que, por sua vez, depositavam recursos financeiros no exterior para os participantes do esquema. Voltando para o Brasil, esse dinheiro era utilizado para pagar os gastos particulares de membros do governo, de PC Farias e até da família do presidente, por meio de correntistas fictícios (contas fantasmas).

A denúncia levou à abertura de uma CPI no Congresso, que sugeriu o afastamento do presidente. A desilusão com o governo, somada aos protestos da população, principalmente dos jovens estudantes apelidados de “caras-pintadas”, favoreceu a votação pela possibilidade do impeachment do presidente da República, no dia 29 de setembro de 1992.

Fernando Collor renunciou meses depois para evitar a cassação de seu mandato, um ato inócuo, já que o Senado não aceitou sua renúncia e o cassou em uma sessão em 29 de dezembro de 1992. Collor perdeu seus direitos políticos por oito anos e o vice presidente, Itamar Franco, cumpriu o mandato até o final de 1994.

 

 

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