AS ORIGENS DA IMIGRAÇÃO ALEMÃ
A primeira colônia alemã no Brasil foi fundada ainda antes da independência do país. No sul da Bahia, em 1818, o naturalista José Guilherme Freyreiss criou a colônia Leopoldina, onde foram distribuídas sesmarias para colonos alemães, porém o projeto não foi bem sucedido. Os colonos se dispersaram e a mão de obra imigrante nas sesmarias foi substituída pela escrava. As outras duas tentativas de assentamentos alemães na Bahia, de 1821 e 1822, foram também mal sucedidas. Trazidos a mando do Rei Dom João VI, em 1819 o governo português assentou famílias suíças nas serras fluminenses. Estas fundaram o atual município de Nova Friburgo. A colônia também resultou infrutífera, vez que foi mal estruturada, situando-se longe do mercado consumidor, o que levou muitos dos suíços a abandonarem os assentamentos. De forma a evitar a sua extinção, em 1824 a colônia recebeu 350 alemães.
Haja vista o malogro das colônias baianas e fluminense, elas são frequentemente ignoradas pela historiografia, que consagrou a colônia de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, como o marco inicial da imigração alemã no Brasil. Em julho de 1824, os primeiros 39 alemães chegaram ao Sul, sendo assentados à margem sul do Rio dos Sinos, onde a antiga Real Feitoria do Linho Cânhamo fora adaptada para servir como sede temporária dos recém-chegados, na atual cidade de São Leopoldo. Esses imigrantes foram trazidos por Georg Anton von Schäffer, alemão radicado no Brasil e major do exército brasileiro. Schäffer, amigo da Imperatriz Leopoldina, foi incumbido pelo governo brasileiro de ir à Áustria, terra natal da imperatriz, e trazer soldados para formarem o Batalhão de Estrangeiros, necessário para reforçar a defesa dos territórios do Sul; porém o major não conseguiu recrutar soldados na Áustria, uma vez que a recrutação de soldados estava proibida na Europa pós-napoleônica. Assim, ele rumou para Baviera, Hesse, Hanôver e Hamburgo, onde angariou apoio de grão-duques e de condes, desejosos de exportar marginais e criminosos para fora da Alemanha, seguindo uma prática de higiene social. Os governantes exigiram um acordo legal que os imigrantes não poderiam voltar à Alemanha para reivindicar proteção social. Para isso, Schäffer forjou documentos que garantiam a naturalização dos imigrantes.
Comentários
Postar um comentário