A TRANSIÇÃO PARA A DEMOCRACIA
Apesar de derrotada, a campanha “Diretas Já!” possibilitou uma articulação da oposição com o governo para as eleições indiretas que decidiriam o novo presidente do país. O PMDB lançou uma das lideranças, Tancredo Neves, governador de Minas Gerais, que obteve destaque na luta pelas Diretas. A sua vitória foi facilitada pela dissidência surgida dentro do PDS, quando o partido lançou o candidato à Presidência, Paulo Maluf.
Algumas lideranças do partido não aceitavam a candidatura de Maluf e formaram a Frente Liberal, posteriormente PFL, que decidiu apoiar Tancredo Neves mediante participação na chapa que disputaria a Presidência. Assim, o senador José Sarney, antigo membro do PDS, assumiu a condição de vice de Tancredo. A aliança política garantiu a fácil vitória da oposição no dia 15 de janeiro de 1985, quando Tancredo Neves foi eleito presidente.
O processo eleitoral se destacou pela ausência de um candidato militar, ao contrário do que ocorria no período ditatorial. Os militares, de maneira silenciosa, retornavam aos quartéis, em um cenário de crise econômica que transformaria a década de 1980 na chamada “década perdida”. Essa expressão busca designar as mazelas econômicas vividas na América Latina que foram superadas apenas no início dos anos 1990.
Inclui-se na lista dos problemas econômicos a gigantesca dívida externa, o elevado índice inflacionário, o baixo crescimento econômico, quando comparado com a década de 1970, e a incapacidade do setor público de encontrar alternativas para a solução das dificuldades apresentadas.
A transição para a democracia apresentou, ainda, mais um capítulo dramático: o candidato vitorioso foi internado com graves problemas de saúde na véspera da posse, assumindo a Presidência o vice José Sarney. Tancredo Neves passou por várias cirurgias nos 38 dias de internação, vindo a falecer em 21 de abril de 1985.
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