DITADURA MILITAR: GOVERNO
FIGUEIREDO
Antigo coordenador do SNI, o novo
presidente da República manteve a política de distensão projetada por Geisel. A
Lei da Anistia, aprovada pelo Congresso em 1979, foi um dos marcos desse
processo, garantindo o perdão para os responsáveis por crimes políticos no
país. Essa lei, apesar de enquadrada no universo da abertura política,
apresentava algumas limitações, pois estendia o perdão a setores das forças
militares que cometeram abusos durante a Ditadura, como torturas e
assassinatos, e excluía determinados crimes de resistência política da lista de
anistiados.
No decorrer das décadas de 1980 e
1990, a Lei da Anistia foi sendo ampliada pelos governos democraticamente
eleitos. Houve, por exemplo, a criação da Lei 9 140, decretada em 1995 pelo
então presidente Fernando Henrique Cardoso, em que o Estado assumia a culpa por
algumas ações abusivas ocorridas durante o regime militar, garantindo,
portanto, o pagamento de indenização às famílias de combatentes mortos pela
Ditadura.
Em 1979, o governo iniciou uma
mudança na estrutura partidária do país, encerrando o sistema bipartidário e
permitindo a formação de novos partidos. A medida pretendia enfraquecer o MDB,
visto que as divergências internas do partido levaram à formação de várias
siglas, que perderam a referência comum de luta. Do desmembramento do MDB,
surgiram vários partidos de oposição.
O PMDB (Partido do Movimento
Democrático Brasileiro) foi o que mais atraiu as lideranças do antigo MDB, como
o deputado Ulysses Guimarães. O PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e o PDT
(Partido Democrático Trabalhista) buscavam manter a bandeira trabalhista e
populista dos tempos de Vargas. O PT (Partido dos Trabalhadores) foi fundado em
fevereiro de 1980 por lideranças sindicais ligadas à luta operária no ABC
Paulista, como Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda existia o PP (Partido Popular),
fundado pelo senador Tancredo Neves, que, posteriormente, migraria para o PMDB.
O Arena permaneceu mais coeso ao formar o PDS (Partido Democrático Social).
O presidente Figueiredo ainda
enfrentou a resistência da Linha Dura, principalmente por meio de atentados,
como o ocorrido no Riocentro, em 1981, durante um show comemorativo do Dia do
Trabalho. O vínculo dos militares com o episódio ficou explícito com a explosão
de uma bomba dentro de um automóvel parado nas imediações do centro de
convenções, no qual estavam dois membros das Forças Armadas, provavelmente
preparando o artefato para a ação terrorista.
A ausência de uma ampla investigação
do episódio levou à renúncia do chefe de gabinete do presidente, o general
Golbery do Couto e Silva, importante articulador da abertura do regime desde o
mandato do presidente Geisel, que se mostrou inconformado com a postura passiva
das Forças Armadas e do governo diante dos abusos da Linha Dura. Em 1982, foram
realizadas eleições diretas para governador no país, após 17 anos, sendo que a
oposição foi vitoriosa em vários estados.
No mesmo pleito, foram eleitos
prefeitos, senadores e deputados. O caminho para a abertura levou ao entusiasmo
os deputados de oposição no Congresso, que iniciaram uma luta para a realização
de eleições diretas para a Presidência da República. Era a chamada campanha
“Diretas Já!”. Durante o ano de 1984, o Brasil assistiu a vários comícios
coordenados pelas lideranças dos partidos de esquerda, reunindo milhares de
pessoas que desejavam a aprovação da Emenda Constitucional Dante de Oliveira,
que garantiria, através de sua aprovação no Congresso, as eleições diretas para
o principal cargo do Executivo.
Apesar de toda a mobilização da
sociedade, a Emenda foi rejeitada em 25 de abril de 1984, devido à atuação do
PDS, que inviabilizou a vitória da oposição.
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