O SABER NAS UNIVERSIDADES MEDIEVAIS

O SABER NAS UNIVERSIDADES MEDIEVAIS

Na Baixa Idade Média, dentre os séculos XII e XV, houve um forte movimento cultural, que colocou em causa o domínio intelectual que a igreja Católica detinha sobre as pessoas. De certa forma, essa efervescência cultural do período foi decorrente da criação de universidades em alguns centros urbanos. As principais foram: Bolonha, em 1158; Paris, em 1200; Cambridge, em 1209; Pádua, em 1222; Nápoles, em 1224; Toulouse, em 1229, dentre outras.

O incentivo à formação dessas universidades também provinha da necessidade de se formar novos profissionais, tanto para preparar o clero como para as funções públicas, incentivando a formação de especialistas em Direito, ou mesmo em funções de auxílio ao crescimento das novas formas de atividade econômica surgidas com o renascimento comercial.

Mas a perda do domínio religioso foi paulatina, pois à Igreja não interessava perder o monopólio sobre o conhecimento produzido, o que a levou a tomar uma decisão no Concílio de Latrão, em 1179, de ser a fonte de emissão da concessão da licença docente (licencia docendi) aos que se mostrassem capazes de executar tal função. Além disso, as universidades mantinham uma característica do período, relacionada ao corporativismo, preservando alguns direitos como autonomia frente a poderes como os eclesiásticos, comunais ou monárquicos, tendo ainda isenção de impostos e a dispensa de participação nos serviços militares de seus membros.

O método de ensino era baseado na leitura (lectio) e interpretação de textos, seguida de debates (disputatio) sobre os temas estudados. Nas universidades ainda se mantinham a divisão do conhecimento em sete artes, criadas durante o período carolíngio, divididas no trivium (gramática, retórica e lógica) e no quadrivium (aritmética, geografia, astronomia e música).

O contato com as culturas bizantina e greco-romana foram importantes ao desenvolvimento dos temas estudados, principalmente: o direito, auxiliando na normatização de regras de funcionamento do Estado, que aos poucos saíam do âmbito pessoal; na filosofia, com a escolástica e os esforços de unir a teologia cristã com o pensamento aristotélico; e na medicina, deixando de ser a depreciada arte mecânica, ou mesmo uma prática pagã, para ganhar aceitação científica, contribuindo para o conhecimento do corpo humano, principalmente com a utilização dos estudos de anatomia e dissecação de corpos.

As universidades serviram ainda como campo de conquista do conhecimento da burguesia, que vinha se fortalecendo. Os conhecimentos ensinados nestes locais eram de suma importância para o desenvolvimento das atividades econômicas burguesas, o que levou esta classe social a lutar contra o monopólio do conhecimento detido pela Igreja.

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