Guerra dos Trinta Anos
Uma das guerras mais destrutivas
da história europeia, a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) sequer é considerada
estritamente como somente um conflito por algumas correntes historiográficas;
mais do que isso, seria uma profunda crise que abateria o século XVII em suas
bases. Isso o marcaria, em geral, como um período de regressão e decadência
comprimido entre dois séculos gloriosos.
O início da guerra ocorreu na
chamada “defenestração de Praga”, ocorrida em 23 de maio de 1618. Nesta
ocasião, três representantes do imperador Fernando II (1578-1637), da Casa
Habsburgo, foram jogados pela janela de um palácio ao tentarem impor o
fechamento da assembleia dos estados em Boêmia. Meses depois, Fernando II
conseguiria derrotar os rebeldes, mas sua decisão de abolir o compromisso da
liberdade de culto – estabelecido ainda em 1555 na chamada Paz de Augsburgo -
intimidaria muitos príncipes alemães protestantes e seus aliados na Europa,
como Suécia, Dinamarca e Holanda, principalmente após a ocupação da região
chave do Palatinado pelas tropas do imperador, em 1621.
Somente em 1629, contudo, quando
o Sacro Império Romano retomou todas as terras concedidas aos protestantes
desde 1555 ao promulgar o Édito de Restituição, é que o confronto ameaçou
atravessar as fronteiras do Sacro Império Romano Germânico e tornar-se um
conflito generalizado. Logo no ano seguinte, o rei sueco Gustavo II (1594-1632)
liderou um enorme exército numa invasão ao Império, iniciando uma fase mais
favorável à causa protestante que duraria até a morte do próprio rei na batalha
de Lutzen, em 16 de novembro de 1632.
Outra fase vantajosa apenas surgiria quando a divisão religiosa do conflito fosse atenuada pela entrada da França católica na aliança contra o Sacro Império Romano, em 1634, por motivos puramente geopolíticos. Somando mais de 100.000 soldados para a aliança protestante, a causa anti imperial devastaria e pilharia as terras germânicas o suficiente para fazer com que, em 1641, o novo imperador – Fernando III (1608-57) – tivesse que começar a fazer concessões significativas, como anular o Édito de Restituição promulgado por seu pai. Uma vez que a principal aliada do Sacro Império Romano, Espanha, enfrentava rebeliões em Catalunha e Portugal, estando impossibilitada de fornecer auxílio, as condições para a negociação da paz já foram possíveis a partir de 1645. Os tratados de paz, chamados em seu conjunto de Paz de Vestfália, já estariam sendo assinados em 1648, muito embora Espanha e França ainda continuassem em seus próprios conflitos até 1659.
Cerca de quatro milhões de
pessoas morreriam durante as três décadas de conflito. O Sacro Império
Germânico, especificamente, sofreria um notável retrocesso econômico com a
enorme perda de vidas, juntamente com a destruição da maior parte de seu
rebanho e colheitas; tal instabilidade se provaria ser de longo prazo,
impossibilitando uma eventual unificação nacional alemã em paralelo às das
outras nações. Do ponto de vista político, a Guerra dos Trinta Anos alterou por
completo o eixo da Europa: enquanto a influência da Casa Habsburgo decaiu
significativamente, a entrada decisiva da França já na parte final do conflito
estabeleceu a base da supremacia absolutista de Luís XIV, o Rei Sol,
principalmente após a paz favorável com Espanha em 1659. O fim da Guerra dos
Trinta Anos, assim, pode pôr em prática um “equilíbrio de poder” entre as
potências europeias que duraria mais de dois séculos.
https://www.infoescola.com/historia/guerra-dos-trinta-anos/
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