COPA DO MUNDO DE 1966
Era o inglês Arthur Drewry o
presidente da Fifa no 32ª Congresso da entidade, em 22 de agosto de 1960, que
decidiria onde seria realizada a Copa de 1966. E deu Inglaterra, que concorria
com Espanha e Alemanha - os espanhóis desistiram antes de a votação começar, e
viram os alemães perderam por um placar até apertado: 34 a 27. O motivo alegado
para a escolha dos inventores do futebol foi a comemoração do centenário.
Quatro estádios construídos no
século 19 e outros quatro no começo do século 20 foram utilizados no Mundial. O
mais novo era o de Wembley, com 43 anos de vida.
Dos 110 países filiados, 71 se
candidataram para disputar o Mundial. Desses, dois foram suspensos por motivos políticos: Coreia do
Sul e África do Sul (pelo apartheid, racismo). Os outros 18 países africanos
resolveram não participar também por protesto contra o fato de o continente
ainda não ter uma vaga - o melhor colocado tinha que disputá-la com o melhor de
outro continente. A boa novidade foi a estreia de Portugal em Mundiais.
Não foi certamente a Copa do
melhor futebol. Mas foi, certamente, a mais polêmica. O English Team até tinha
grandes jogadores, como o goleiro Gordon Banks, o zagueiro Bobby Moore, o meia
Bob Charlton, o destemido Hurst... Mas jogava futebol pragmático e acabou
campeão pela primeira vez sendo beneficiado pela arbitragem. Principalmente nas
quartas, no duelo com a Argentina, em que o meia Rattin foi expulso, e na
decisão contra a Alemanha Ocidental.
Estreante, Portugal acabou sendo
uma das grandes sensações, terminando a Copa em 3º lugar. O maior responsável
foi, sem dúvida, um certo moçambicano... Eusébio da Silva Ferreira era um dos
jogadores nascidos em ex-colônias africanas que aportaram em terras portuguesas
na década de 1960. Atacante com uma técnica notável e força física incomum, foi
o grande algoz do Brasil na primeira fase, no jogo que marcou a eliminação dos
bicampeões mundiais. E o goleador da competição, com nove gols. Em clubes
também teve carreira brilhante no Benfica, onde foi campeão europeu em 1962 -
também faturou o bicampeonato português.
Para dividir os louros de grande
astro da Copa com Eusébio, só mesmo o meia Bobby Charlton. O maior jogador
inglês de todos os tempos parecia ter em seu destino essa conquista. Afinal,
escapou de um acidente aéreo que matou quase todo o elenco do Manchester United.
E depois, em 1966, com 29 anos, vivia o auge de sua carreira durante a disputa
do Mundial. Jogador rápido, elegante como poucos no toque de bola, tinha como
uma das maiores virtudes o potente tiro de longa distância, como o desferido
contra Portugal, em um de seus três gols marcados na campanha vitoriosa do
English Team.
Para se ter uma ideia do frisson
em torno dos bicampeões mundiais, no sorteio que definiu os quatro grupos com
quatro seleções da primeira fase uma das preocupações era não permitir que
Brasil e Inglaterra caíssem na mesma chave. Nunca a Seleção chegou a uma Copa
tão favorita. Pelé tinha 25 anos e vivia uma das melhores fases. Garrincha já
não era mais o mesmo fisicamente, mas o time ainda tinha outras peças de valor,
como os então garotos Gerson, Tostão e Jairzinho. Só que a preparação foi
confusa: 45 jogadores chegaram a ser convocados. No campo, o resultado foi
desastroso. Na estreia, até foi boa a vitória sobre a Bulgária por 2 a 0, gols
de Pelé e Garrincha. Mas ficou por aí. Depois, sem Pelé, a derrota para a
Hungria (3 a 1). Na última partida da primeira fase, nova derrota, para
Portugal (3 a 1) com o Rei do Futebol caçado em campo. E o Brasil voltou para
casa.
Não foi só a seleção brasileira
que decepcionou no Mundial de 1966. A Itália também foi eliminada na primeira
fase, e de uma forma surpreendente: perdeu por 1 a 0 em Middlesbrough para a
Coreia do Norte, que terminou em segundo lugar no Grupo 4. Foi uma das maiores
zebras de todas as Copas. Com o resultado, a Azzurra deixou a Inglaterra com
uma vitória e duas derrotas. E quando desembarcou em seu país, ganhou uma chuva
de tomates podres.
O jogo em que o Brasil venceu a
Bulgária por 2 a 0 foi o último de Pelé e Garrincha juntos na Seleção.
A rainha Elizabeth e o
primeiro-ministro Harold Wilson estavam entre os mais de 120 mil torcedores no
mítico Wembley que, em 30 de junho, viram o English Team ganhar a mais polêmica
das Copas. Afinal, foi beneficiado por um erro do bandeirinha soviético Tofik
Bakhramov. O jogo foi emocionante. Haller abriu o placar para os alemães aos 12
minutos, e Hurst empatou aos 18. No segundo tempo, Peters virou para os
ingleses aos 33, mas Weber, quase de carrinho, empatou aos 44 e levou a partida
para a prorrogação. Aí houve o lance fatal. Aos 11 do 1º tempo, o oportunista
Hurst mandou um balaço, a bola bateu no travessão, tocou no chão e voltou. O
alemão Hottges, de cabeça, mandou para fora, e os ingleses levantaram os braços
pedindo gol. Na dúvida, o árbitro consultou o auxiliar, para quem a bola ultrapassou
a linha, o que não aconteceu. Aos 15 do 2º tempo, quando houve até invasão de
torcedores considerando a partida encerrada, Hurst, livre, fez o quarto gol. E
a discussão passou para a eternidade.
http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-do-mundo/historia/copa-do-mundo-1966-inglaterra.html
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