OS PRIMEIROS ANOS DO SEGUNDO
REINADO
Finalizadas as Regências,
iniciou-se o mais longo período administrativo da história brasileira: o
Segundo Reinado. Após o insucesso do processo descentralizador, estava clara
para a elite brasileira a necessidade de se manter o poder centralizado nas
mãos de D. Pedro II, para a perpetuação dos privilégios baseados na posse de
terras, no controle da renda e do poder político e na manutenção do trabalho
escravo.
A aristocracia afastou a ideia
descentralizadora, temendo a radicalização e a fragmentação territorial
observada nas revoltas regenciais. O imperador simbolizava o desejo pela
unidade política do Brasil, promovendo a coalizão social e política fundamental
para manter a aristocracia agrária no poder. O caráter predominantemente
latifundiário, exportador e escravista do Brasil não mudaria durante o longo
Segundo Reinado.
Ainda no Período Regencial,
observou-se a transformação dos partidos Progressista e Regressista em Partido
Liberal e Conservador, respectivamente. Nessa fase, o Partido Liberal se
preocupava em concretizar os principais pontos do Ato Adicional, já o Partido
Conservador queria restringir a capacidade descentralizadora desse ato, o que
conseguiu através da Lei Interpretativa.
Apesar de algumas diferenças, os
dois partidos não apresentavam grandes distinções ideológicas, uma vez que,
após as rebeliões regenciais, o setor político liberal progressivamente adotou
um discurso mais convergente ao ideário conservador. Compostos de facções
políticas que buscavam o poder, não havia nas propostas partidárias o eixo
encaminhador de uma discussão que pudesse democratizar a nação ou promover uma
melhoria social.
Isso é compreensível na medida em
que, para compor o quadro partidário ou para exercer o direito de voto no
Segundo Reinado, era obrigatória uma seleção censitária responsável por impedir
que os representantes das camadas menos abastadas participassem das discussões
políticas, ao mesmo tempo que a elite não se preocupava em promover reformas
sociais.
Após a ascensão de D. Pedro II,
foi instaurado um ministério composto de liberais, conhecido como Ministério
dos Irmãos, devido à presença dos irmãos Andradas (Antônio Carlos e Martim
Francisco) e dos irmãos Cavalcanti (Antônio Francisco e Francisco de Paula).
Esse novo Ministério sofria a oposição dos conservadores, que detinham a
maioria das cadeiras no Parlamento. Evitando um conflito maior, D. Pedro II
dissolveu o Parlamento e convocou novas eleições.
No intuito de obter maioria na votação,
os liberais utilizaram todos os instrumentos de opressão durante o processo
eleitoral, que passou a ser conhecido como “Eleições do Cacete”. Após o
fraudulento pleito, ocorreu uma enorme pressão dos conservadores junto ao
imperador, que optou por colocá-los no poder, dissolvendo o Ministério dos
Irmãos.
Os saquaremas retomaram o projeto
de centralização do sistema administrativo através das seguintes ações: •
reformulação do Código de Processo Criminal Penal, diminuindo o poder regional;
• reorganização da Guarda
Nacional, acabando com a eleição de seus dirigentes e instituindo a nomeação;
• restauração do Conselho de Estado – órgão
consultivo do Poder Moderador que havia sido fechado temporariamente pelo Ato
Adicional de 1834;
• convocação de novas eleições, em 1o de maio
de 1842.
O novo processo eleitoral
promoveu a vitória dos conservadores por meio dos mesmos métodos das “Eleições
do Cacete”: o uso da repressão, provocando a insatisfação dos liberais, pois
perderam o controle do gabinete e a maioria do Parlamento. O reflexo imediato
foi a eclosão de várias revoltas nas províncias de São Paulo e Minas Gerais.
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