Origem de São Miguel das Missões
(RS)
O povo de São Miguel Arcanjo, ou
das Missões, era uma das reduções do Estado Jesuítico do Paraguai que formava,
com seis outros, os Sete Povos das Missões. Era uma reunião de grupos catequizados
jesuítico-guaranis situados no nordeste do atual Estado do Rio Grande do Sul,
em território brasileiro, às margens do rio Uruguai. As outras reduções dessa
região se transformaram em cidades ou, simplesmente, desapareceram: São Borja
(1682), São Nicolau (1687), São Luiz Gonzaga (1687), São Lourenço (1691), São
João Batista (1697) e Santo Ângelo (1706).
A instalação de São Miguel das
Missões no local atual data de 1687, mas teve origem em 1632, com um aldeamento
de catequizados que os padres jesuítas fundaram em Itaiacecó, na margem direita
do rio Ibicui, aos pés da serra de São Pedro. Sua fundação é atribuída aos
padres missionários Cristobal de Mendoza e Paulo Benevides. A partir de 1637,
os ataques dos caçadores paulistas de índios aos aldeamentos de catequizados
dos jesuítas se intensificaram o que provocou o deslocamento do Povo de São
Miguel Arcanjo para as terras de Concepción.
O novo lugar mostrou-se pouco
favorável para um grupo numeroso, o que levou os padres a buscar outro local
para a missão. A escolha final recaiu sobre um sítio às margens do Rio Piratini
onde o novo aldeamento de São Miguel foi fundado, quando já contava com quase
quatro mil índios alojados e cristianizados. As condições econômicas da redução
melhoraram nesse novo local devido à qualidade do pasto para o significativo
rebanho (bovino, equino, caprino) necessário à subsistência e à terra que se
mostrou favorável à agricultura.
São Miguel foi construída em uma
colina, o que favorecia o escoamento das águas pluviais abundantes pelo excesso
de chuvas do verão gaúcho. No centro da redução e em frente à igreja, estava
uma praça quadrangular. O colégio, a igreja e o cemitério ocupavam o lado norte
e nos outros três lados restantes erguiam-se as casas dos índios, das quais restam
apenas as ruínas das fundações construídas em blocos com telhados de quatro
águas e rodeadas por alpendres. Havia, ainda, uma quinta, inteiramente cercada
por pedras com jardim, pomar e horta.
Igreja de São Miguel - A
construção da Igreja de São Miguel durou dez anos e seu projeto foi inspirado
na Igreja de Gesú em Roma – principal templo jesuítico – atribuído ao arquiteto
jesuíta Gian Battista Primolli, concluída em 1745, no final do período barroco.
O requinte dessa concepção arquitetônica pode ser evidenciado pelas ondulações
côncavas da fachada principal e a leve inclinação dos planos externos que, por
meio da correção da perspectiva, tinha o propósito de enfatizar o caráter
monumental da obra.
Erguido com pedra de cantaria, branqueado com
um tipo de argila chamada tabatinga, o edifício possuía características
diferentes das demais construções missioneiras da época: a estrutura era
definida por paredes de pedra, ao invés dos comuns esqueletos de madeira. Na
falta da cal, não disponível na região, o barro era o material ligante das
alvenarias. Pintada de branco, tinha seus espaços interiores ornamentados por
pinturas e esculturas de madeira policromada.
Seguindo a tradição da época, a
Igreja de São Miguel apresentava uma rica e colorida ornamentação interna,
formada por entalhes, pinturas e esculturas com motivos sacros. Algumas
imagens, feitas em arenito, compõem o acervo do Museu das Missões. Ao longo dos
anos, muitas peças desapareceram. Além dos saques ocorridos durante a Campanha
Cisplatina, em 1828, a igreja foi vítima da ação dos aventureiros que buscavam
o tesouro dos jesuítas e retiraram material para uso em outras construções. Em
1886, a os telhados ruíram e o pórtico desabou. O grande período de abandono
levou ao crescimento de grandes árvores no interior da nave da Igreja.
http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/1652/
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