COPA DO MUNDO DE 1954
Não foi difícil para a Suíça
ganhar o direito de organizar o Mundial no 26º Congresso da Fifa, em 1948. Dois
fortes motivos pesaram na escolha: primeiro, o cinquentenário da entidade
máxima do futebol, cuja sede ficava em Zurique. O segundo é que o país foi um
dos poucos a escapar ileso da Segunda Guerra Mundial.
Apenas um estádio, o St. Jabkob,
do FC Basel, foi construído para o Mundial. Dos outros cinco usados, o
Olympique La Pontaise passou por reforma.
Houve 38 países inscritos - na
época, um recorde. E deles, só a Polônia e a República Popular da China
desistiram da competição. Pela primeira vez o Brasil precisou jogar para
garantir sua vaga. E ganhou os quatro jogos contra Chile e Paraguai (ida e
volta). Junto com o Uruguai (classificado automaticamente por ter sido campeão
do mundo em 1950), representou a América do Sul entre os 16 participantes. A
Argentina não conseguiu a vaga para o Mundial.
Com 11 gols, o húngaro Sandor
Kocsis foi o goleador da competição Bom nas bolas aéreas, ganhou o apelido de
"Cabeça de Ouro". Ao lado de Puskas, Bozsik, Hidegkuti e Czibor,
formava a base do timaço que marcou época nos anos 50. Nascido em Budapeste,
deixou o país em 1956, após a invasão de Budapeste por tropas soviéticas.
Passou pelo futebol suíço até chegar ao Barcelona, onde permaneceu até o fim da
carreira, aos 37 anos.
Antes e durante a competição, a
Hungria era a grande aposta. Invicta por quatro anos, justificava todo o
favoritismo com o futebol ofensivo e envolvente de Puskas, Kocsis, Czibor &
Cia. Após ter aplicado 8 a 3 na Alemanha, no seu segundo jogo (aplicara 9 a 0
na Coreia do Sul), ninguém acreditava mais que perderia o título. Eliminou o
Brasil (4 a 2) e os campeões do mundo, os uruguaios (4 a 2), até reencontrarem
os alemães na final... E foi aí que o pragmatismo venceu o futebol arte pela
primeira vez. Com uma campanha em que venceu a Turquia duas vezes (4 a 1 e 7 a
2), a Iugoslávia (2 a 0) e a Áustria nas
semifinais (6 a 1), a Alemanha do técnico Sepp Herberger surpreendeu ao
derrotar os favoritos por 3 a 2.
A campeã Alemanha tinha jogadores
como Fritz Walter, Morlock, Schäefer... Mas os craques húngaros eram melhores.
Nenhum, no entanto, foi tão marcante quando Ferenc Puskas. Mesmo sem ter sido
campeão, o Major Galopante ficou com o título de melhor do Mundial. Capitão,
genial no passe, perfeito nos chutes de canhota, comandou a Hungria e o Honved,
melhor time do país que encantou a Europa. Dois anos depois da Copa da Suíça,
deixou o pais por causa da intervenção soviética e parou no Real Madrid. Ao
lado de Di Stéfano e outros craques, fez parte daquele considerado o maior time
do mundo e grande papão de títulos.
Depois da perda do Mundial de
1950, a Seleção recomeçou. Trocou o técnico Flávio Costa por Zezé Moreira. Até
o uniforme mudou: o branco, considerado azarado, deu vez à camisa amarela com
detalhes em verde e calções azuis (usado até hoje, tornou-se o mais temido do
planeta). No Grupo A, a equipe estreou contra o México com goleada de 5 a 0 e
empatou por 1 a 1 com a Iugoslávia. Nas quartas, caiu justamente contra o
adversário mais temido: a Hungria de Puskas. E a derrota por 4 a 2 fez o time,
que tinha craques como Didi, Nilton Santos, Djalma Santos e Castilho, voltar
cedo para casa.
Os campeões mundiais tiveram, na
semifinal, um osso duro. Tal como o Brasil nas quartas, o Uruguai acabou
eliminado também pela temida Hungria. Até aí tudo bem. Pior foi ver a Celeste
Olímpica perder também a disputa do terceiro lugar para a Áustria, por 3 a 1.
Pela primeira vez num Mundial os
jogadores entraram em campo com as camisas numeradas. Também foi a primeira
Copa transmitida pela TV, e os números até hoje de maior média de gols por
partida (5,38, com 140 em 26 jogos).não foram batidos.
O jogo foi sensacional. Os alemães
armaram uma arapuca para os húngaros: dessa vez com o time completo (no duelo
na primeira fase usara um time misto): o técnico Sepp Herberger colocou Fritz
Walter, um dos destaques de sua equipe, colado em Hidegkuti, o garçom
adversário, e pediu que o contra-ataque fosse em bloco. Após estar perdendo por
2 a 0, a Alemanha virou para 3 a 2 e conquistou seu primeiro Mundial. Puskas,
aos 6, e Czibor, aos 8 minutos, abriram o placar ainda no primeiro tempo. Mas a
reação surgiu logo com aos 10 e 18 minutos com Morlock e Rahn, autor também do
gol do título, aos 39 minutos do segundo tempo, quando os húngaros davam
visíveis sinais de problemas físicos no lotado estádio Wankdorf, em Berna - 60
mil pessoas vibraram com o jogaço.
http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-do-mundo/historia/copa-de-1954-suica.html
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