ASSIM FALOU ZARATUSTRA
FRIEDRICH NIETZCHE
Nietzsche foi buscar no zoroastrismo, religião
ancestral da Pérsia (atual Irã), o personagem para expor suas próprias ideias.
O que parece ter atraído ao filósofo alemão é o dualismo cósmico da doutrina de
Zaratustra (ou Zaroastro, daí o termo “zoroastrismo”). Cabe notar, no entanto,
que a guerra semieterna entre o “Deus Bom” e o “Deus Mau” era, numa análise
mitológica mais aprofundada (a qual Nietzsche certamente estava a par), uma
analogia para a batalha moral que se dá antes **dentro** da alma humana do que
fora dela.
A grande questão não era, portanto, termos medo
de um Demônio externo – entidade que serviu e ainda serve para evocar o medo
nos seguidores de dogmas. A questão era reconhecermos nossos próprios monstros
internos, e apaziguá-los, dominá-los, nos tornando timoneiros de nossa própria
embarcação.
Nietzsche foi muito mal interpretado ao longo dos anos, e por isso cabe lermos esta obra (para muitos, sua obra-prima) tendo em mente que o “Deus” ao qual ele anuncia a morte é, sobretudo, o “deus das barganhas”, que guia ovelhas com maior pavor dos “infernos” do que propriamente uma vontade genuína de se espiritualizar. Da mesma forma, o “Super-homem” não é um “homem de espécie superior” num sentido de “raça humana superior” (que a ciência já comprovou que sequer existe, ou seja: que todos somos homo sapiens desde seu surgimento na África), mas sim num sentido de “homem que supera a si mesmo, que vai além das suas capacidades atuais, que cria o novo”.
Tomei o cuidado (espero que me perdoem) de relembrar estes conceitos assim que aparecem ao longo do livro, com pequenas notas. Noutros casos, inseri notas mais pitorescas, como a que explica que “a péla dourada” nada mais é que uma bola do jogo de péla, espécie de ancestral do jogo de tênis (o esporte), e que teve o seu auge no século em que nasceu Nietzsche. De resto, escutemos ao que falou Zaratustra...
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