A MÚSICA GAÚCHA
“Eu sou do Sul! É só olhar pra
ver que eu sou do Sul”. Sendo composta há muitos anos, a música gaúcha vem
retratando nas suas letras o carinho, o amor e o orgulho do seu povo com a sua
tradição. Genuinamente nossa, hoje se faz presente no cotidiano das pessoas,
sendo tocada nos rádios e cultuada em festivais e entidades tradicionalistas. A
terceira matéria da Semana Farroupilha aborda uma das formas de manifestações
da cultura de um povo que valoriza a sua história e honra suas características.
A cultura do Rio Grande do Sul é
composta por dois movimentos distintos, mas de certa forma semelhantes. Na
música não é diferente. Os dois possuem suas próprias formas, mas referem-se a
recortes da cultura popular folclórica do Sul do Brasil e, além de suas
fronteiras, englobando também o Uruguai, Paraguai e Argentina. São eles: O
Tradicionalismo e o Nativismo.
Música Tradicionalista
As músicas gaúchas são variações
de canções que animavam as danças de salão centro-européias no século XIX. A
valsa, a polca e a mazurca, foram adaptados para ritmos como vaneira, chamamé,
milonga, e rancheira, por exemplo.
O estilo engloba temas como a
terra, o chão, os costumes e o cavalo. As letras giram em torno das origens da
identidade e a sensação de perda com as mudanças sociais e históricas, tendo
como protagonista o Gaúcho. O ritmo genuinamente da região Rio-Grandense é o
“Bugio” (ou bugiu), que surgiu em 1928, nas produções do gaiteiro “Neneca
Gomes”, Wenceslau da Silva Gomes.
A música tradicionalista está
sempre buscando a rima num arranjo muito acertado com as melodias, criando
entre letra, música e dramatização, uma dinâmica que rebusca origens e paixões.
O estilo musical gauchesco possui também uma formação harmônica/melódica
complexa, tornando-se difícil de ser interpretada em alguns casos, por outros
grupos ou músicos que não possuem ligação direta com a nossa cultura.
Canções Nativistas
A música nativista é um dos
gêneros mais representativos da identidade da Região Sul. Tal qual as canções
tradicionalistas, ela enfatiza o amor pelas tradições como o ser gaúcho, o
campo, o cavalo, os valores, e a culinária regional.
Ela é lenta e intimista e busca a
valorização da cultura. Entre os pontos de maior divergência estão o passado do
Rio Grande do Sul e Santa Catarina e a influência espanhola dos países
vizinhos, já que o nativismo pode falar, por exemplo, da tristeza de um soldado
que lutou nas guerras históricas dos estados e recebeu cicatrizes em vez de
medalhas, como na música “Sabe, Moço”, cantada por Leopoldo Rassier.
O nativismo faz-se sentir
especialmente na história dos povos ou grupos que foram colonizados e sentem
que a cultura dominante se opõe ou sufoca a sua própria identidade. Dentre os
principais destaques da música nativista está a Califórnia da Canção Nativa,
que surgiu na cidade de Uruguaiana, em 1971. O evento foi criado por um grupo
ligado ao CTG Sinuelo do Pago. O movimento reacendeu o orgulho nativista
Rio-Grandense, e impulsionou diversos outros festivais no Estado.
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