OS FRANCOS
A origem dos Francos ainda é um
mistério para os pesquisadores. Não há consenso sobre sua primeira aparição na
história, entretanto há versões que apontam algumas teses. Alguns acreditam que
esse povo tenha se originado da unificação de pequenos grupos germânicos que
habitavam o vale do Rio Reno. Outra corrente de estudiosos argumenta que os
Francos são originários de uma região no Nordeste da Holanda. Sabe-se, contudo,
que a palavra Franco significa livre na língua frâncica falada por esse povo.
Uma liberdade que, como acontece quase sempre, não era acessível a todos.
Mulheres e escravos não possuíam os mesmos direitos dos francos livres.
Os Francos incomodavam muito o
Império Romano. O embate entre ambos era constante. Mas entre 355 e 358, o
Imperador Juliano conseguiu dominá-los, tornando-os o primeiro povo germânico a
estabelecer-se de modo permanente no Império Romano. Aos Francos foi dada uma
porção de terra da Gália Belga, com considerável território. Mas o imperador romano
não imagina o crescimento que teriam no futuro. A partir de suas terras
centrais, os Francos conquistaram a maior parte da Roma gaulesa, o que, a
princípio, foi favorável aos romanos, já que eles atuaram como aliados na
defesa do Império. Porém a expansão inicial dos Francos já dava as bases de seu
reino.
Clóvis I, rei dos Francos entre
os anos 481 e 511. Pintura de François-Louis Dejuinne.
Clóvis I, rei dos Francos entre
os anos 481 e 511. Pintura de François-Louis Dejuinne. Via Wikimedia Commons
Acredita-se que o Reino dos
Francos teve início nas primeiras décadas do século V. Todavia os relatos não
são confirmados e têm aspecto de mito sobre a fundação da dinastia merovíngia.
Um desses reis, Clódio, teria sido o primeiro a conquistar terras na Gália. Mas
esta seria uma condição verdadeira mais à frente. Os Francos conquistariam cava
vez mais terras e mais poder sobre os galo-romanos. O nome da dinastia dos
merovíngios provavelmente está relacionado a um dos filhos de Clódio, Meroveu.
Um de seus sucessores, Clóvis, foi responsável por consolidar os vários reinos
francos e encerrar o controle romano na região de Paris, expandindo seu reino
até os Pirineus. A conversão de Clóvis ao cristianismo no final do século V
aproximou os Francos do papa. Os filhos de Clóvis continuaram a expansão
territorial e chegaram a cobrir a maior parte do território francês atual.
A dinastia merovíngia perdeu
forças em meados do século VII quando uma série de mortes prematuras levou ao
reinado de menores de idade. Essa fraqueza administrativa abriu espaço para o
poder dos mordomos do palácio, que eram também superintendentes de estado, e
para a organização de sua própria regência hereditária. Criando, assim, a
dinastia dos carolíngios.
Pepino, o Breve, foi coroado como
primeiro rei franco da dinastia carolíngia em 751. Ele foi um rei eleito que
solidificou sua posição através de uma aliança com o Papa Estevão III. O rei
franco foi responsável por reconquistar as áreas perdidas em torno de Roma e
entrega-las ao papa, uma doação que criaria os estados papais. A Igreja estava
muito satisfeita e a ação de Pepino mudaria o curso da história. O novo poder
papal estabeleceria uma nova ordem que caracterizaria toda a Idade Média, a
supremacia da Igreja Católica. O sucessor de Pepino, seu filho, foi um dos mais
notórios reis da história, Carlos Magno. Letrado, poderoso e inteligente, ele
restaurou a igualdade entre papa e imperador e se tornou emblemático para a
história tanto da França como da Alemanha. Carlos Magno estabeleceu a prática de
cristianizar os povos conquistados, aumentando a influência da Igreja Católica
e do cristianismo no mundo. Soberano em grande território na Europa, Carlos era
o grande líder da cristandade ocidental e foi coroado pelo Papa Leão III como
Imperador dos Romanos. A cerimônia, na verdade, reconhecia o Império Franco
como sucessor do Romano. Depois da morte de Carlos Magno e de seu filho, o
Império Franco foi dividido entre os herdeiros, dando origem aos territórios da
atual Alemanha e da França.
Não se sabe ao certo quando os
franceses deixaram de se considerar francos. Pelo menos até o século XIII, os
reis franceses da dinastia capetíngia se denominavam ainda como francos. O
primeiro registro de Rei da França que se tem notícia está em um documento do
Rei Felipe II, de 1204. No entanto, sua adoção seria gradual. De toda forma, a
tradição dos francos como grandes aliados da Igreja Católica permaneceu na
França, que foi muito atuante nas cruzadas.
O Reino dos Francos mudou a
organização e a distribuição do poder na Europa e foi fundamental para o
poderio dominante da Igreja Católica no mundo medieval. Seu legado deixou
marcas culturais no Ocidente que persistem até hoje.
https://www.infoescola.com/historia/reino-dos-francos/
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