Concílio de Trento
Concílio é o mesmo que conselho e
se trata de uma reunião de cunho religioso. Tecnicamente o Concílio de Trento
foi o 13° concílio da Igreja Católica e era chamado de Concílio Ecumênico.
Ocorreu entre os anos de 1546 a 1563. Convocado pelo Papa Paulo III, em 1546,
reuniu-se no Tirol italiano, na cidade de Trento. Também foi guiado por outros
Papas, Júlio III, Paulo IV, Pio V, Gregório XIII e Sisto V, com a duração de 18
anos e concluindo seu trabalho somente em 1563. Foram realizadas 25 sessões
plenárias, em três períodos diferentes (de 1545 a 1547; de 1551 a 1552; e de
1562 a 1563), quando todas essas sessões foram solenemente promulgadas em
sessão pública.
Como naquele século 16 iniciou-se
na Europa o movimento de renovação da Igreja cristã, a Reforma Protestante de
1517, houve essa reação católica, chamada Contrarreforma, como esforço
teológico, político e militar de reorganização católica e de confronto ao
protestantismo; e todas as suas doutrinas católicas foram discutidas para
responder às críticas doutrinárias dos protestantes. Também as guerras e
conflitos entre católicos e protestantes se estenderam por décadas, culminando
com a atroz Guerra dos Trinta Anos que dilacerou metade da Europa, terminando
apenas em 1648, com a Paz de Vestfalia, e a demarcação dos territórios e
fronteiras políticas e religiosas católicas e protestantes.
A Contrarreforma, também chamada
de Reforma Católica, foi um esforço ingente contra as críticas de protestantes
e demais opositores. Para isso serviram aos seus propósitos os movimentos
místicos, na Espanha de Teresa de Ávila e João da Cruz, e de Inácio de Loiola
que criou a Companhia de Jesus (jesuítas) para expandir e fortalecer o
catolicismo. Isso se deu por meio das ordens franciscana, dominicana e jesuíta
que foram a reação católica também no Oriente e nas Américas. Assim, a igreja
católica tomou medidas para reavivar a fé e a disciplina religiosa e suas
ferramentas mais eficazes foram o Concílio de Trento, a Inquisição e Index dos
livros proibidos, para a reconquista de territórios que o catolicismo havia
perdido para os protestantes.
De fato, o marco principal da
Contrarreforma católica foi a realização desse Concílio Ecumênico em Trento,
cujos efeitos violentos determinaram a rejeição explícita ao protestantismo, a
oficialização do Tomismo (de São Tomás de Aquino) e da Vulgata (versão latina
da Bíblia), a condenação de livros apócrifos ou deuterocanônicos, a divulgação
de uma lista de livros proibidos – o Index Librorum Prohibitorum (de 1559) e a
Inquisição.
Suas principais decisões
conciliares foram: condenar a venda de indulgências, conforme Lutero já as
combatera e a igreja romana admitiu seu erro; condenou a intervenção de
príncipes nos negócios da Igreja; condenou a doutrina protestante de
justificação apenas pela fé e reafirmou que a salvação é pela fé e também pelas
obras; que a missa deve ser ressaltada em sua importância na liturgia; ainda
confirmou cultos aos santos, à virgem Maria e relíquias; reativou o Tribunal do
Santo Ofício (Inquisição); reafirmou a doutrina da infalibilidade papal, do
pecado original, da existência do purgatório e dos sete sacramentos (batismo,
confirmação ou crisma, confissão, eucaristia ou comunhão, matrimônio, ordem e
extrema unção); confirmou a indissolubilidade do casamento, mas o proibiu para
membros do clero (celibato clerical) e criou seminários para formar seus
sacerdotes. Também estabeleceu decretos e metas para a unidade católica,
fortalecendo sua hierarquia.
As resoluções tridentinas (de
Trento) foram promulgadas e aceitas imediatamente pela Espanha, Portugal,
Polônia e estados italianos. A França relutou em aceitar, durante o período das
guerras religiosas, mas as aceitou oficialmente meio século depois. Mas, o
cristianismo que já era dividido entre católicos romanos e ortodoxos, a partir
do século 16, mesmo com todo o esforço do Concílio de Trento, agora também se
dividia entre católicos, ortodoxos e protestantes.
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