A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
Temendo a ação das cortes
portuguesas, grupos da elite brasileira começaram a discutir a urgência de um
processo de Independência, formando o que se convencionou chamar de Partido
Brasileiro, constituído, em sua maioria, pela aristocracia rural, responsável
pela dominação do cenário político colonial durante séculos. Entre os líderes
desse partido, destacam-se os nomes de Gonçalves Ledo, Januário Cunha Barbosa e
José Bonifácio de Andrada e Silva.
A oposição ao Partido Brasileiro
vinha do chamado Partido Português, composto de comerciantes nascidos em
Portugal e favoráveis ao processo de recolonização do Brasil. Deve-se recordar
que a concepção do período, acerca dos partidos, não possui o mesmo sentido
atualmente.
Nas primeiras reuniões das cortes
portuguesas, assembleias responsáveis pelo andamento das reformas em Portugal,
tornou-se consenso a necessidade de se exigir o retorno do príncipe regente à
metrópole, já que sua presença no Brasil dificultaria o processo recolonizador.
A pressão vinda do reino levou o Partido Brasileiro a realizar um abaixo
assinado, com cerca de 8 mil assinaturas, pedindo a permanência de D. Pedro.
No Brasil, ao receber o
documento, o príncipe declarou: “Como é para o bem de todos e felicidade geral
da nação, estou pronto: diga ao povo que co”. A data de 9 de janeiro de 1822
acabou eternizada como o Dia do Fico. Era o primeiro embate entre D. Pedro e as
cortes portuguesas que levaria à Independência.
Alguns portugueses, sediados no
Brasil, não aceitaram a postura de D. Pedro, como é o caso das tropas lusas,
lideradas por Jorge Avilez, que se amotinaram contra a medida, nos dias 11 e 12
de janeiro de 1822, mas foram expulsas do Brasil sob a ordem do príncipe
regente. Depois disso, foi proibido o desembarque de novas tropas portuguesas
no território brasileiro.
Logo em seguida, D. Pedro nomeou
um gabinete composto de brasileiros, sob a liderança de seu amigo pessoal, José
Bonifácio, político influente e favorável ao processo de emancipação do Brasil.
Assumindo o cargo de ministro do reino e dos estrangeiros, José Bonifácio, com
o auxílio de seus irmãos, Antônio Carlos e Martin Francisco, iniciou uma
considerável luta de reação frente às medidas das cortes portuguesas.
Em 16 de fevereiro de 1822, foi
criado o Conselho de Procuradores Gerais das Províncias do Brasil com o
objetivo de auxiliar D. Pedro na administração. Porém, a principal função do
Conselho seria evitar a radicalização de alguns setores que defendiam a
emancipação a partir de um processo mais democrático, temido pela aristocracia
brasileira, inclusive por José Bonifácio. Em maio de 1822, D. Pedro assinou o
decreto do “Cumpra-se”, determinando que qualquer ordem que viesse de Portugal
deveria ser aprovada pelo príncipe regente.
Em 13 de maio de 1822, o Senado
da Câmara do Rio de Janeiro, apoiando o novo decreto, conferiu a Dom Pedro o
título de Defensor Perpétuo do Brasil. Sob a pressão do liberal Gonçalves Ledo,
d. Pedro convocou uma Assembleia Constituinte para o Brasil no mês de junho de
1822. Como a situação se encaminhava para uma ruptura definitiva, as cortes
portuguesas exigiram o retorno imediato de D. Pedro para a metrópole, em
setembro de 1822. Orientado por José Bonifácio, por meio de uma carta, e
insatisfeito com as ordens vindas da Europa, D. Pedro declarou, no dia 7 de
setembro de 1822, o Brasil independente de Portugal.
A partir da narrativa anterior,
fica claro que a ruptura colônia-metrópole não foi construída através da
participação popular. A Independência do Brasil, realizada por um português,
assinala a ausência de uma fundação política inovadora que garantisse as
mudanças necessárias para um país explorado como colônia durante séculos. A
ruptura política não foi acompanhada de transformações estruturais na economia
e na sociedade brasileira.
Assim, apesar da existência de
liberais empenhados na formulação de uma nova nação, como Gonçalves Ledo, que
propunha eleições diretas e um país mais democrático, a tendência da política
brasileira, após a Independência, foi optar por uma linha conservadora,
liderada por José Bonifácio. Quanto a D. Pedro, nota-se que foi o instrumento
da aristocracia rural para que o Brasil rompesse com Portugal, sem permitir as
mudanças tão temidas por essa elite. Além da ausência de uma luta
revolucionária, nosso país também representou uma exceção na América: foi
criado um sistema monárquico que governou a nação até o final do século XIX.
Após setembro de 1822, ocorreram
algumas lutas para a consolidação da Independência. Essas batalhas se concentraram
nas províncias da Bahia, Piauí, Maranhão, Pará e Cisplatina, onde existiam
tropas portuguesas dispostas a permanecer fieis ao governo lusitano. Para
combater a resistência, D. Pedro I, título obtido ao se tornar imperador do
Brasil, organizou tropas brasileiras, que foram orientadas por oficiais
estrangeiros, principalmente mercenários ingleses.
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