REVOLUÇÃO FARROUPILHA
Havia muitos anos, os gaúchos
estavam descontentes com o Governo Imperial. A província de Rio Grande de São
Pedro só era lembrada pelo governo quando este necessitava de soldados para
defender suas fronteiras e de alimentos e montarias para prover suas tropas.
Os gaúchos nunca tiveram
indenização pelos danos das guerras; era negado aos gaúchos fazer cursos
militares para oficiais; pesados impostos recaiam sobre o charque; apenas uma
escola funcionava, das 28 existentes na época, por falta de professores; não
havia estradas, policiamento, pontes para circulação de produtos; os militares
recebiam seus vencimentos atrasados; os presidentes da província não eram os
indicados pelos gaúchos.
Diante desse quadro, tem início,
na província de Rio Grande de São Pedro, um movimento liberal cujo objetivo
principal era separar o território do resto do Brasil, criando-se um país
republicano. Esse movimento era liderado pela elite rio-grandense, formada por
estancieiros, comerciantes, oficiais do exército e da guarda nacional.
O movimento Farroupilha já
existia no Brasil, fundado por militares descontentes e exilados da corte: em
1832, é fundado, em Porto Alegre, o partido Farroupilha. Logo, os termos
farrapos ou farroupilha não dizem respeito a tropas de "gaúchos
esfarrapados".
A revolução levou seis anos para
ser planejada e recebeu apoio da maçonaria e do clero. A maçonaria agia sem
despertar suspeitas, através de sociedades literárias (teatros, jornais,
folhetins), e muitos sacerdotes eram a favor da revolução, sendo alguns
pertencentes à própria maçonaria.
No dia 19 de setembro de 1835,
uma força revolucionária de duzentos homens, comandados por Vasconcelos Jardim
e Onofre Pires, acampava na Azenha.
O governo mandou ao seu encontro
pequena tropa, que foi repelida pelos farroupilhas. No dia 20 de setembro,
Bento Gonçalves entra em Porta Alegre, vindo de Guaíba. O presidente, Dr.
Antonio Rodrigues Fernandes Braga, foge e assume em seu lugar o vice, Dr.
Marciano Pereira Ribeiro.
No início, a corte tomou uma
medida prudente, não mandando tropas contra os farroupilhas e nomeando
presidente da província o Dr. Araújo Ribeiro, que era gaúcho e primo de Bento
Gonçalves. O novo presidente chega sem soldados e sem armamentos, porém deixa-se
envolver por forças conservadoras da cidade de Rio Grande. Os farrapos manobram
a Assembleia Legislativa e impedem a posse de Araújo Ribeiro.
Em 15 de julho de 1836, Porto
Alegre caiu nas mãos dos imperiais e nunca mais seria farroupilha.
Em 1839, é criada a Brigada
Militar, que ajudará as tropas imperiais na defesa de Porto Alegre contra as
investidas dos farroupilhas, recebendo o titulo de Leal e Valorosa.
Em 11 de setembro de 1836, é
proclamada a República Rio-Grandense pelo General Antonio de Souza Neto, sendo
sua primeira capital a vila de Piratini, de 10 de novembro de 1836 a 14 de
fevereiro de 1839.
Bento Gonçalves é eleito
Presidente da República, mesmo estando preso no Forte do Mar, na Bahia, de onde
conseguiu fugir, auxiliado pela maçonaria, retornando ao Rio Grande do Sul.
Os farrapos criaram uma república
independente do resto do Brasil, adotando uma nova bandeira, escudo de armas,
hino nacional; concediam cidadania, tinham representantes diplomáticos nos
países vizinhos, leis próprias, exército, projeto de Constituição e um jornal
oficial, "0 Povo", que circulava publicando decretos, noticias e
proclamações.
Mais tarde, a República
Rio-Grandense teve mais duas capitais: Caçapava, de 14 de fevereiro de 1839 a
23 de março de 1840, e Alegrete, até o fim da Revolução.
Os revolucionários necessitavam
de um porto para escoar a produção da república e comprar armas e munições,
pois os portos de Porto Alegre e Rio Grande estavam sob o controle dos
imperiais. Decidiram, então, tomar o porto de Laguna, em Santa Catarina.
Destaca-se, nessa fase da revolução, a construção e transporte de grandes
lanchões, o Seival e o Rio Pardo. Foram transportados em parte por terra, com o
auxílio de 200 juntas de bois, navegando, posteriormente, a Lagoa dos Patos e o
rio Capivari até o canal de Tramandaí; somente o Seival, porém, conseguiu
chegar ao alto mar.
Com o auxílio de José Garibaldi,
os farrapos tomaram Laguna e proclamaram a República Juliana, que teve curta
duração, de 22 de julho a 15 de novembro de 1839. Essa expedição malograda dá
inicio ao declínio da revolução, pela perda de homens, armas e munições.
A liderança que Bento Gonçalves
tinha entre os farrapos começou a cair diante do retardamento das eleições dos
constituintes e, após, pelo atraso em dar posse aos eleitos. Essas atitudes
deixaram clara, entre os farrapos, a ditadura militar de Bento Gonçalves.
Em 9 de Novembro de 1842, assume
a presidência da província e o comando do exército imperial Luis Alves de Lima
e Silva (Duque de Caxias). Com um exército de 12 mil homens, Caxias precisou de
três anos para vencer um exército de 3 mil e, no fim, apenas mil homens já
cansados e quase sem armas. A vantagem dos revolucionários estava no
conhecimento desta região e no sistema de guerrilhas adotado pelos gaúchos.
Apesar dessa desvantagem, Caxias
ocupou vilas, cidades e povoados. Por onde passava, distribuía carne e tecidos,
punia os saques e o desrespeito aos lares. Assim, conquistou a simpatia da
população.
Novos desentendimentos ocorrem
entre os republicanos: David Canabarro trai Bento Gonçalves, desarma os negros
num acampamento e mata todos, para não lhes libertar. Alguns escravos, no final
da guerra, ganham liberdade porque não estavam no acampamento: encontravam-se
em campanha com Antonio Neto. Esses negros foram para a Bahia e o Rio de
Janeiro, onde novamente foram vendidos como escravos.
Onofre Pires desentende-se com
Bento Gonçalves, indo os dois a um duelo, no qual morre o primeiro.
Em 1844, Bento Gonçalves inicia
as conversações de paz com Duque de Caxias, mas David Canabarro e Antônio
Fontoura apossam-se da correspondência e começam a tratar a paz diretamente com
Caxias. Bento Gonçalves renuncia à presidência da república e ao comando do
exército e se recolhe a sua estância.
Os farrapos receberam proposta de
ajuda do presidente Rosa, da Argentina, para lutar contra o Império do Brasil.
Com essa ameaça estrangeira, que não foi aceita pelos farroupilhas, Caxias
aceitou os termos da paz apresentados pelos revolucionários. No dia 1º de março
de 1845, é assinada a paz, perto de Poncho Verde, em Jaguarão.
https://historia-do-rio-grande-do-sul.webnode.com/revolucao-farroupilha/
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