O IMPÉRIO INCA E O DOMÍNIO DOS ANDES
O Império Inca era o mais extenso das Américas
quando os conquistadores espanhóis chegaram por lá. Ele se estendia do atual
Equador até o Norte do Chile, perfazendo uma extensão norte-sul de cerca de
4.700 km. O Império Inca, construído através da dominação de outros povos pelos
quíchuas, deixou os espanhóis maravilhados pelo desenvolvimento cultural
alcançado pela civilização, já que existiam grandes cidades, agricultura
desenvolvida, sistemas matemáticos, uma bela arquitetura e uma estrutura
estatal que possibilitava o controle e o domínio da região.
A ocupação da região por populações que exerciam
certa estratificação social e incipientes estruturas estatais datam desde antes
da era cristã. Eram predominantemente cidades-estado, cujo centro urbano
incluía os templos religiosos, havendo disputas bélicas pela hegemonia
regional. Entretanto, a partir do século VII, possivelmente houve a unificação
dos povos andinos em alguns impérios.
É dito possivelmente pela dificuldade existente em
comprovar tais afirmações em decorrência da falta de documentação histórica,
seja pela inexistência de provas materiais ou pela destruição pelos espanhóis
do pouco que havia.
Desses impérios é possível destacar o Tiahuanaco,
na bacia do lago Tititcaca, e o Império Huari, no vale do Mantaro, onde hoje se
localiza o Peru. Houve ainda reinos regionais como o Reino Chimu, localizado no
vale do Moche, também no Peru. O Reino Chimu tinha como capital Chancham, uma
cidade planejada para viver 80 mil pessoas.
Entretanto, foi o povo quíchua, ou inca, que
conseguiu criar um poderoso Império na região da Cordilheira dos Andes. A
origem do império remonta ao povoado quíchua de Cuzco no Peru, e que conheceu
um rápido crescimento a partir do século XIV. A dinastia imperial teria sido
formada por Manco Cápac, segundo relatos orais deixados pelos incas. Mas foi no
século XV e XVI que o Império conheceu seu auge, tendo como principais
imperadores Pachakuti (1438-1471), Tupa Yupanki (1471-1493) e Huayna Cápac
(1493-1525).
A base do império era o trabalho realizado pelos
camponeses nas ayllu, aldeias onde era organizado o trabalho agrícola. As
terras distribuídas aos camponeses eram propriedades do imperador. Os
camponeses deveriam ainda prestar trabalho forçado, as mitas, em obras públicas
e outros serviços do governo. Os mitaios proporcionaram a ampliação das áreas
agricultáveis e a expansão do império, criando inclusive as famosas áreas de
agricultura nos terraços andinos, além de desenvolver sistemas de irrigação
nesses locais.
Para organizar a exploração do trabalho camponês e
manter o luxo, a suntuosidade e o funcionamento do império, havia uma
estruturação hierárquica que se iniciava com os camayocs, os capatazes nas
aldeias, passando pelos curacas, funcionários hereditários que recolhiam os
impostos. Acima dos curacas havia os kuiricuks, que eram como governadores de
províncias, chamadas de wamanis. As wamanis eram subdivisões de quatro grandes
territórios do império, que eram comandados pelos apos, os chefes que se
reportavam diretamente ao inca, o nome dado ao imperador.
O inca assumia as funções de chefe de Estado e
religioso, sendo considerado a encarnação do deus Sol e descendente direto
dele. O inca assumia ainda as funções de legislador e comandante do exército,
podendo ainda dispor de várias esposas, apesar de haver uma esposa principal, a
coya, que era uma de suas irmãs.
A capital Cuzco era o centro nevrálgico do império,
convergindo neste local as estradas e sistemas de comunicação, como os
correios, além de abrigar os administradores e sacerdotes. Havia ainda outras
cidades como Machu Pichu, Tumipampa e Cajamarca, que tinham planejamento e
arquitetura elaborados.
Os incas ainda domesticaram animas como as lhamas e
a alpaca para realizar os transportes do império, bem como desenvolveram um
sistema matemático baseado nos quipus, que através de cordas coloridas e nós,
eram utilizados para a contabilidade de diversos serviços. Desenvolveram ainda
conhecimentos na astronomia e astrologia.
Com uma população estimada em cerca de 6 milhões de
pessoas, o império Inca não conseguiu resistir à investida dos espanhóis a
partir de 1531. Além de não utilizar a pólvora, os incas não tiveram
resistência para enfrentar as doenças trazidas pelos europeus. Contribuiu ainda
para a dominação espanhola os conflitos sucessórios entre os filhos de Huayna
Cápac: Huascar e Atahualpa. O último foi vitorioso, mas o enfraquecimento
decorrente da sucessão e as disputas entre a aristocracia dos povos dominados e
os funcionários do Estado, compostos pelos quíchuas, facilitaram a vitória de
Francisco Pizzaro.
https://mundoeducacao.uol.com.br/historia-america/imperio-inca-dominio-dos-andes.htm
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