CONJURAÇÃO BAIANA
Das insurreições que ocorreram
durante o Período Colonial, aquela que apresentou um caráter mais popular foi a
Conjuração Baiana, que, além de ter a participação de médicos, advogados e
comerciantes, teve o apoio de ex-escravos, sapateiros e vários alfaiates,
motivo pelo qual ficou também conhecida como Revolta dos Alfaiates.
As razões que provocaram a
eclosão do movimento foram variadas. Em termos estruturais, depois da
decadência da produção açucareira no Nordeste, a primeira capital brasileira já
não apresentava todo o seu esplendor, ainda mais quando o eixo econômico do
Brasil havia se deslocado para o Sudeste. Isso ocorreu devido à exploração do
ouro, levando à transferência da capital brasileira por Pombal para o Rio de
Janeiro em 1763.
Com uma carga tributária elevada
recaindo sobre uma população pobre, as ideias de liberdade começaram a se
ampliar cada vez mais. As notícias da Revolução Francesa, junto com as ideias
iluministas, percorriam cada vez mais o círculo da população baiana, que já
vislumbrava o sucesso de episódios como a Independência americana e a revolução
dos escravos ocorrida no Haiti, que acabou por culminar na independência da
região em 1793.
Essas informações eram discutidas
em sociedades secretas, que conspiravam contra as autoridades portuguesas,
destacando o grupo conhecido como Cavaleiros da Luz, coordenado pelo
farmacêutico Figueiredo Melo. No momento em que se estabeleceu o interesse
comum das classes em realizar uma conspiração e em promover a sedição, a
discussão partiu para as mudanças internas que deveriam ser postas em prática.
Os grupos populares insistiam em promover algumas reformas sociais após a
ruptura, levando os grupos da elite a se afastar da direção do movimento.
Entre os líderes do levante,
podemos citar os alfaiates João de Deus e Manuel Faustino dos Santos Lira, os
soldados Lucas Dantas de Amorim Torres, Luís Gonzaga das Virgens e Romão
Pinheiro, o padre Francisco Gomes, o farmacêutico João Ladislau de Figueiredo,
o professor Francisco Barreto e o médico Cipriano Barata.
Entre as principais ideias
defendidas pelo motim, encontram-se o m da escravidão, o aumento de salário
para os soldados e a formação de um governo republicano, além do desejo de
emancipação frente à Coroa portuguesa. Apesar do radicalismo presente nas
ideias da Conjuração Baiana, nota-se uma ausência de organização na preparação
da conspiração. Os revolucionários, no dia 12 de agosto de 1798, fixaram
panfletos nos principais prédios públicos e nas igrejas, convidando as pessoas
a participarem da rebelião.
Rapidamente o governador
conseguiu informações, através de denúncias, sobre os líderes da rebelião,
prendendo mais de uma dezena de pessoas. Muitos deles foram condenados ao
enforcamento e ao esquartejamento, como João de deus, Manuel Faustino, Lucas
Dantas e Luís Gonzaga. Os membros da elite foram condenados a penas menores ou
foram apenas inocentados.
A Inconfidência Baiana foi
marcada pela mescla de interesses políticos de emancipação, comum a muitos
setores da sociedade colonial do século XVIII, e pelas propostas de cunho
social que acarretariam possíveis transformações na lógica estrutural do
sistema econômico, construído durante os séculos de colonização portuguesa. O
fracasso do movimento não escondeu a ansiedade dos setores menos privilegiados
da sociedade por lutar por um sistema mais justo no Brasil no final do regime
colonial.
Uma das conspirações contra o
controle de Portugal de que se tem menor conhecimento foi a Conspiração dos
Suassunas, ocorrida em Pernambuco, em 1801. O nome da revolta originou-se do
fato de que os principais líderes do movimento eram proprietários do Engenho
Suassuna: Francisco de Paula, Luís Francisco e José Francisco, tratados como os
irmãos Cavalcanti de Albuquerque.
Segundo os autos da devassa, os
conspiradores faziam parte de uma sociedade secreta chamada Areópago de Itambé,
que era ligada à maçonaria e pretendia criar uma república liberal no Brasil
com o auxílio de Napoleão Bonaparte, que então dominava a França. Como nos episódios
anteriores, membros da própria sociedade conspiraram contra as ideias
levantadas dentro do grupo, acusando seus companheiros de traidores do reino
português. Os possíveis conspiradores foram presos, mas libertados logo em
seguida, devido à falta de provas.
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