INVASÃO ESPANHOLA
Desde a anulação do Tratado de
Madrid, em 1761, a política entre a Espanha e Portugal estava muito delicada.
Portugal se alia à Inglaterra na Guerra dos Sete Anos, na Europa, e não
participa do Pacto de Família, ficando, assim, novamente contra a Espanha. Sabendo
dos atritos políticos entre as duas coroas, D. Pedro Cevallos, governador de
Buenos Aires, prepara-se para invadir as possessões portuguesas aqui no sul.
Gomes Freire, sabendo dos planos de Cevallos, fortifica e abastece o Forte
Jesus Maria e José e mobiliza a população de Rio Pardo para a defesa do
povoado. Essa defesa faria jus ao apelido que recebeu esse forte: Tranqueira de
Rio Pardo.
A Espanha, enfim, declara guerra
a Portugal, e, em 29 de outubro de 1762, D. Pedro Cevallos invade a Colônia do Sacramento.
Para assegurar a defesa das possessões portuguesas, Gomes Freire manda
construir, em fins de 1762, o Forte Santa Tereza, situado ao sul do Forte de
São Miguel. O governador de Buenos Aires segue a sua marcha conquistadora,
tomando os Fortes Santa Tereza e São Miguel, em 1763. Esses fortes foram
facilmente conquistados por Cevallos, devido às ordens contraditórias entre os
oficiais portugueses. A maioria dos soldados entregou-se com seu comandante,
mas muitos fugiram em direção a Rio Grande.
O governador de Rio Grande, Elói
Madureira, deveria, muito tempo antes, ter conduzido sua administração e a
população com seus bens para a outra margem do canal, mas nunca tomou tal
providência. Com a chegada dos soldados dos fortes conquistados, houve uma fuga
em massa da tropa e da população. Armazéns foram saqueados, igrejas assaltadas,
e não havia canoas suficientes para a travessia do canal. Os colonos açorianos
foram os que mais sofreram: gente pobre e sem proteção, tiveram de abandonar
suas lavouras e seus animais para o invasor. Muitos desses colonos,
surpreendidos em suas chácaras pelos espanhóis, foram enviados para o Uruguai,
onde se estabeleceram. Outros fugiram para a Campanha Gaúcha, dedicando-se à
pecuária.
No dia 24 de abril de 1763, o
comandante espanhol D. José Molina ocupa Rio Grande. Os portugueses tentaram
defender a outra margem do canal, impedindo a investida espanhola até Rio Pardo
e até a Ilha de Santa Catarina. Contudo, diante do ataque fulminante de
Cevallos, os poucos soldados portugueses não resistiram. Os espanhóis postaram
guardas em São José do Norte e impediram a passagem de embarcações portuguesas
pelo canal. Os portugueses tinham dificuldades de abastecer e articular seus
soldados, pois não podiam navegar na Lagoa dos Patos e no canal de Rio Grande.
O comércio entre os povoados também estava comprometido. A sede do governo foi
transferida para a Capela do Viamão, onde já havia um registro. Os portugueses
adotam a prática de guerrilhas na Campanha e no nordeste do estado, privando os
espanhóis de gado e cavalhadas.
Com a assinatura do Tratado de
Paris, a Espanha deveria entregar a Portugal a Colônia do Sacramento e Rio
Grande. Cevallos entregou a Colônia do Sacramento, mas negou-se a entregar Rio
Grande. Paralelamente, em julho de 1767, os jesuítas são expulsos dos Sete
Povos. A direção das aldeias missioneiras foi confiada aos Franciscanos, e
administradores passaram a cuidar dos negócios das Missões. A expulsão dos
jesuítas da região trouxe tranquilidade aos portugueses, pois os índios não
aceitaram os novos chefes e voltaram à vida selvagem.
O coronel José Marcelino de
Figueiredo é nomeado governador de Rio Grande de São Pedro em nove de março de
1769. Recebe ordens de fundar novas povoações para impedir novas invasões
espanholas. Assim, José Marcelino transfere a sede do governo para Porto dos
Casais e cria as freguesias de Taquari e Santo Amaro.
Em 1772, os missioneiros
constroem o Forte de Santa Tecla para dali as tropas espanholas partirem e
atacar Rio Pardo e Campos do Viamão, forte que se localizava perto de Baga. O
exército espanhol avança em direção a Rio Pardo, mas é surpreendido pelas
tropas de Rafael Pinto Bandeira, que não conseguem detê-los. Os espanhóis,
então, chegam até Rio Pardo, porém recuam e retornam para Rio Grande, sendo
fustigados pelas guerrilhas portuguesas.
Em fevereiro de 1776, as tropas
luso-brasileiras cercam o Forte de Santa Tecla, e, em 24 de março, os espanhóis
entregam o forte, que é arrasado pelos luso-brasileiros. Estes, depois, ocupam
as estâncias missioneiras, roubam o gado e dividem em sesmarias as terras entre
o rio Jacuí e Camaquã. Finalmente, em 2 de abril de 1776, os portugueses
retomam a vila de Rio Grande, após o cerco por terra e mar.
Os espanhóis não queriam aceitar
a derrota em Rio Grande e prepararam nova ofensiva por mar. Como foram
impedidos de chegar a Rio Grande, devido aos fortes ventos, resolvem atacar a
Colônia do Sacramento e, em 3 de abril de 1777, começam a desmantelar a
fortaleza que motivou tantas lutas.
A paz retorna às duas coroas com
a assinatura do Tratado de Santo Ildefonso, em 12 de outubro de 1777, o qual
estabelecia que a Colônia do Sacramento seria entregue aos espanhóis e seriam
criados os campos neutrais ao longo da linha divisória.
https://historia-do-rio-grande-do-sul.webnode.com/invasao-espanhola/
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