A guilhotina e a França
Revolucionária
No século XVIII, as desigualdades
sociais na França poderiam ser notadas nos mais diferentes meios e hábitos
daquele povo. Até na hora de sofrer algum tipo de punição, os membros da
nobreza desfrutavam de privilégios que não se estendiam às outras parcelas da
população. Em geral, os nobres poderiam ser executados pela ação de uma espada
ou de um machado. Em contrapartida, os populares morriam esquartejados,
enforcados ou eram queimados vivos.
Essa situação se transformou no
ano de 1789, quando os membros do Terceiro Estado realizaram um protesto
exigindo a elaboração de uma constituição para o país. Do ponto de vista
político, o estabelecimento de um novo conjunto de leis seria elaborado para que
os antigos privilégios nobiliárquicos fossem extintos e que as leis fossem
igualmente aplicadas entre todos os cidadãos da França. Foi nesse momento que a
guilhotina apareceu em terras francesas.
Tendo sua invenção atribuída ao
médico e político Joseph Ignace Guillotin, a guilhotina não apareceu como um
método de execução usado para amedrontar os inimigos da revolução. Na verdade,
diversos relatos históricos dizem que versões primitivas da guilhotina existiam
ou foram experimentadas há muito tempo. Na verdade, a função de Joseph
Guillotin foi aperfeiçoar o instrumento e propor o seu uso para a realização de
uma execução rápida e indireta.
Do ponto de vista moral, a
utilização da guilhotina foi inicialmente defendida para que todos os
condenados à morte tivessem uma mesma pena e que o executor da ordem não
tivesse que sujar suas mãos de sangue. Com isso, podemos ver que a introdução
legal da guilhotina visava justamente cumprir os anseios por igualdade que
inspiravam os revolucionários franceses. No ano de 1792, com a aprovação do rei
Luis XVI, a guilhotina foi oficializada como instrumento oficial no cumprimento
da pena de morte.
O que inicialmente seria mais uma
conquista pela igualdade, acabou se transformando em uma terrível máquina de
execuções sumárias. Com a radicalização do processo revolucionário francês, a
execução pela guilhotina acabou sendo vulgarizada de modo assustador. A partir
de 1793, aproximadamente cinquenta guilhotinas começaram a funcionar ao longo
de seis horas diárias. Entre suas mais famosas vítimas estiveram o próprio rei
Luis XVI e Georges Danton, um dos líderes populares da revolução.
Em menos de um ano, estima-se que
as guilhotinas empregadas na Revolução Francesa tenham matado cerca de vinte
mil acusados. Tal banho de sangue ao mesmo tempo em que mostrava o terror
imposto na fase popular da revolução, atestava a falta de um projeto coeso o
suficiente para estabilizar as tensões que tomavam o país. Desse modo, a
proposta de natureza humanitária do doutor Guillotin foi seriamente corrompida
de seus objetivos originais.
Apesar de todo esse estrondo, a
guilhotina ainda perdurou muito tempo para que deixasse de ser empregada como
instrumento de execução. Somente em 9 de outubro de 1981 que o presidente
francês François Mitterand assinou o decreto que extinguia o emprego da pena de
morte no país. Desse modo, a guilhotina foi definitivamente aposentada de seus
rápidos e terríveis serviços.
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/a-guilhotina-franca-revolucionaria.htm
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