PERÍODO POMBALINO
Na segunda metade do século
XVIII, o Estado português passou por uma série de reformas realizadas pelo
então ministro do rei José I, o chamado marquês de Pombal. O intuito era
promover uma modernização nas estruturas administrativas do reino, reduzindo a
dependência portuguesa dos outros impérios europeus. O impacto dessas
realizações foi determinante para a história portuguesa e, por consequência,
para as regiões coloniais controladas pelo reino. O que se percebeu foi uma
clara influência dos conceitos racionais iluministas nas medidas tomadas por
Pombal, possibilitando defini-lo como um déspota esclarecido, embora não
realizasse suas ações na condição de monarca.
Curioso notar que, mesmo sobre a
influência do pensamento da Ilustração, Pombal reiterou medidas mercantilistas
no trato das questões coloniais. Essa negação das práticas liberais, em voga
entre os pensadores da época, justificava-se pelo anseio de fortalecer o reino
português, mediante uma exploração mais racionalizada das áreas coloniais, por
meio da acumulação de capital, essencial para a independência lusitana frente
aos poderosos países da época, como Inglaterra e França.
Deve-se lembrar de que, durante o
Período Pombalino, um forte tremor causou grandes estragos em Lisboa, gerando
uma demanda extra por capital. Entre as medidas tomadas pelo marquês de Pombal,
destacam-se:
• centralização administrativa no
Brasil, por meio da extinção do sistema de capitanias hereditárias;
• expulsão dos jesuítas do reino
em 1759, com o intuito de reduzir o poder político da ordem religiosa e de
ampliar as ações laicas;
• criação do subsídio literário,
imposto que deveria custear a educação, já que a expulsão dos jesuítas
enfraqueceu as estruturas educacionais;
• proibição da escravidão
indígena em 1757, passando a considerar o nativo submetido legalmente às regras
portuguesas;
• criação de companhias de
comércio que seriam responsáveis pelo monopólio mercantil das regiões
designadas, garantindo o aumento das rendas da Coroa. A Companhia Geral do
Comércio do Estado do Grão-Pará e Maranhão e a Companhia Geral do Comércio de
Pernambuco são exemplos desse modelo;
• maior controle fiscal das
atividades mineradoras. Como exemplo, cabe ressaltar a transferência da capital
de Salvador para o Rio de Janeiro (1763), a instauração da primeira derrama
(1762-1763) e a criação da Real Extração (1771).
Apesar das grandes realizações
entre 1750 e 1777, Pombal não se sustentou no poder após a morte do monarca
José I. Seus adversários políticos conseguiram manipular a monarca D. Maria I
para afastar o governante de seus encargos – provocando uma reação
conservadora, contrária às medidas modernizantes de Pombal – e implementar a
reaproximação do reino luso com a Inglaterra, elemento determinante para o rumo
da Coroa portuguesa nas décadas iniciais do século XIX.
O século XVIII também foi
fundamental para o estabelecimento das novas fronteiras que separavam as
possessões portuguesas e espanholas na América.
O novo limite substituiu o
Tratado de Tordesilhas de 1494 e apresentou como principal ponto de referência
a aplicação do princípio do Uti Possidetis, ou seja, as fronteiras seriam
traçadas conforme a ocupação territorial realizada até a metade do século
XVIII. Assim, os avanços portugueses promovidos durante os primeiros séculos de
ocupação foram reconhecidos, fortalecendo o espaço de domínio lusitano na
América.
Como principais pontos dessa nova
limitação, destacam-se:
• a ampliação da fronteira norte
para o oeste, chegando ao limite das últimas missões jesuíticas portuguesas na
Bacia Amazônica;
• a ampliação da região central
do Brasil para oeste, conforme a ocupação realizada pela pecuária e pela
extração aurífera;
• a anexação do território de
Sete Povos das Missões pelos portugueses no Sul do Brasil;
• a entrega da colônia de Sacramento aos
espanhóis, visto que essa região se apresentava incrustada nas possessões
espanholas da América.
Apesar dos vários desacordos
entre as duas Coroas após a assinatura do Tratado de Madrid, devido aos
conflitos europeus da segunda metade do século XVIII – fato responsável pela
assinatura de novos acordos –, as fronteiras do Tratado de Madrid marcam de
maneira mais legítima as atuais fronteiras do Brasil.
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