OS ANTECEDENTES DOS PROCESSOS DE
UNIFICAÇÃO ITALIANA E ALEMÃ
Para se entender o processo de
unificação da Itália e o da Alemanha, é necessário analisar a configuração
geopolítica da Europa já no início do século XIX, tendo como base as decisões
tomadas pelo Congresso de Viena (1814-1815). O princípio de compensações
utilizado durante esse Congresso definia que as grandes potências que
derrotaram Napoleão, libertando a Europa, deveriam receber uma recompensa em
contrapartida.
A Áustria, governada pelos
Habsburgo, era uma dessas potências, cabendo- lhe os territórios italianos da
Venécia e Lombardia e, ainda, o direito de indicar os governantes dos estados
italianos de Módena, Parma e Toscana. O único estado que manteve a sua autonomia
na Península Itálica foi o reino de Piemonte-Sardenha, situado ao norte.
Já entre os estados alemães, foi
formada a Confederação Germânica, composta inicialmente de 38 estados
associados e presidida politicamente pela Áustria. Para que houvesse de fato
uma uni cação, quer seja entre os estados itálicos ou germânicos, seria
necessário, portanto, eliminar a influência austríaca daquelas respectivas
regiões.
Devido à hegemônica força
política e militar do Império Austríaco, tanto o processo de uni cação da
Itália quanto o da Alemanha ocorreram somente no século XIX e foram marcados
por conflitos internos e externos. É importante ressaltar que, após o Congresso
de Viena, estabeleceu-se relativa paz no continente europeu. Assim, os
principais conflitos ocorridos na Europa, no período entre o Congresso de Viena
e a Primeira Guerra Mundial, foram as guerras decorrentes das uni cações e a
Guerra da Crimeia (1853-1856).
Outro ponto a se ressaltar é que
as duas uni cações foram processos elitistas e, logo, nada democráticos. O
povo, colocado à margem dos processos, assistiu à burguesia italiana do norte e
à aristocracia prussiana liderarem as unificações na Itália e na Alemanha,
respectivamente. Além da participação das elites nos projetos centralizadores,
dois estados independentes – Piemonte, no caso italiano, e Prússia, no caso
alemão – tiveram grande influência na condução dos novos governos.
Devido ao desenvolvimento desse
processo coordenado, vários historiadores consideram que a Itália e a Alemanha
até hoje guardam claras heranças dos estados que as originaram e, por isso,
podem ser consideradas extensões de Piemonte e da Prússia, respectivamente. Ao
final do século XIX, os dois países – que até então eram compostos de vários
estados sem unidade – se encontravam em acelerado desenvolvimento, a final, as
mesmas elites que patrocinaram a centralização política de ambos os Estados
passaram a comandá-los politicamente.
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