ROMA: DA EXPANSÃO AO IMPÉRIO
Entre os séculos V a.C. e III a.C.,
ocorreu a expansão geográfica e comercial de Roma. A conquista se iniciou pelos
povos da própria península e estendeu-se até a Península Ibérica, passando por
parte do que hoje é a França e a Grécia. Os romanos dominaram também o norte da
África e parte da Ásia Menor. Essa expansão só foi possível graças ao domínio
do Mar Mediterrâneo, conseguido após a vitória sobre Cartago nas Guerras
Púnicas em 146 a.C. Ora, já que Cartago, no norte da África, controlava o
comércio no Mar Mediterrâneo, sua derrota após três guerras permitiu aos
romanos o controle dessa região estratégica.
Os territórios conquistados deviam à
Roma submissão e uma pesada carga de impostos. As populações derrotadas
normalmente eram transformadas em mão de obra escrava. Roma passava, portanto,
a ser a capital de um vasto império, possuidor de grandes quantidades de terra
e de escravos. No entanto, foi justamente esse crescimento que provocou a
decadência da República Romana.
Um dos problemas que contribuiu para a
crise romana foi a grande concentração de terras, advinda das conquistas
territoriais, que, nas mãos dos patrícios, provocou a decadência e a revolta
dos pequenos proprietários rurais. Estes, arruinados, buscavam trabalho na
cidade, o que, por sua vez, possibilitava a eclosão de revoltas encabeçadas por
escravos ou pelas populações submetidas à Roma. A corrupção e o poder dos
militares aumentavam as tensões sociais, e os gastos com as Guerras Púnicas e o
consequente aumento de impostos desagradavam parte da população.
Uma última tentativa de diminuir essa
tensão foi proposta pelos irmãos Graco: Caio e Tibério, que ocupavam a tribuna
da plebe. A principal das medidas adotadas foi a reforma agrária, que, embora
tenha visado à diminuição da concentração de terras nas mãos dos patrícios, não
se mostrou su ciente para reverter tal problema. A venda de trigo a preços
menores para os pobres foi proposta pela Lei Frumentária, também idealizada
pelos irmãos Graco.
A transição para o Império, portanto,
se deu em meio às guerras civis instaladas nos domínios romanos em decorrência
das insatisfações populares. Inicialmente, foram os militares que se sucederam
no poder, tendo Mário e Sila ocupado o cargo de ditador, previsto para comandar
a República excepcionalmente em épocas de crise.
O fortalecimento do Exército durante
as conquistas territoriais havia enfraquecido o Senado. Assim, a partir de 60
a.C., houve a formação dos Triunviratos, ou seja, um governo comandado por três
homens em pé de igualdade. O primeiro deles foi formado por Pompeu, Crasso e
Júlio César. A morte de Júlio César por traição fez retornar a guerra civil,
que só foi atenuada pela formação do segundo Triunvirato, do qual faziam parte
Otávio, Lépido e Marco Antônio. Após derrotar seus adversários, com apoio do
Senado, Otávio recebe o título de imperador e se proclama Augusto. Inicia-se,
em 31 a.C., o Império Romano.
Quando Otávio assumiu o Império, ele
passou a concentrar o poder nas suas mãos, subordinando o Senado à força do
imperador, que passou a ser considerado uma figura sagrada; daí o nome Augusto,
que significa sagrado. Para tentar solucionar os graves problemas sociais,
Otávio tomou uma série de medidas, visando pacificar o Império. Estas obtiveram
relativo sucesso e seu governo ficou conhecido como o período da Pax Romana
(Paz Romana).
Para evitar os conflitos com a elite,
foi criada uma vasta burocracia imperial, que possuía uma série de privilégios.
Assim, a antiga elite patrícia passou a compor esse grupo juntamente com os
novos grandes proprietários das terras recémconquistadas, já que a expansão do
Império não havia cessado. Com o objetivo de amenizar as tensões entre as
classes baixas, foi criada a Política do Pão e Circo, que consistia em
distribuir trigo e promover espetáculos para o grupo de desempregados que vivia
no Império. O Estado se encarregava de sustentar esse grupo e, com isso,
evitava maiores tensões.
A expansão territorial, como já foi
dito, se manteve, e, como consequência, manteve-se também o luxo de escravos. A
escravidão antiga tem características específicas que a distinguem da
escravidão moderna. Em Roma, por exemplo, a escravidão não esteve vinculada a
uma questão étnica, como aquela a que foi submetido o africano na Idade
Moderna. O escravo poderia executar as mais diversas tarefas no interior da
sociedade, não cando relegado apenas ao trabalho manual. Foi comum, nesse
período, a existência de escravos professores, médicos e artistas. A escravidão
no campo, no entanto, era a mais desgastante de todas. O homem poderia se
tornar escravo após a derrota em uma guerra, devido a uma dívida ou mesmo de
forma voluntária, na tentativa de conquistar uma melhor posição social, como no
caso daqueles que se tornavam altos funcionários do Império.
Com a expansão romana, o poder do
Exército tornou-se cada vez maior, garantindo certa estabilidade nos limites do
Império. Após a morte de Otávio, essa estabilidade foi mantida, apesar das
dificuldades vividas pelas classes populares. Sucederam Otávio imperadores
célebres pelo seu comportamento desregrado e pela postura tirânica, como
Calígula e Nero. A expansão do Império voltou a se intensificar a partir do ano
96 d.C. e se encerrou no século III d.C., quando se iniciou a crise do Império
Romano.
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