O ABSOLUTISMO


O ABSOLUTISMO
A progressiva centralização, observada desde o Período Medieval, atingiu o seu auge entre os séculos XVI e XVIII com a hipertrofia das atribuições do poder dos monarcas. Em Estados como França, Portugal, Espanha e Inglaterra, os reis agiram na tentativa de fortalecer seu poder, impondo-se diante das demais camadas sociais. O modo como se organizava o poder monárquico europeu durante esse período é denominado absolutismo.
Não se pode pensar, no entanto, que o poder desses soberanos europeus fosse exercido de maneira arbitrária. As ações dos reis em muitos casos se chocavam com os interesses de diversos grupos sociais e a eficácia administrativa estava vinculada ao atendimento de determinadas expectativas no interior da sociedade. No caso da França, por exemplo, a centralização nas mãos dos Bourbon só pôde se consolidar após reformas que reduziram a resistência de grupos como a nobreza.
Em Portugal, a concessão das mercês permitia que o rei exercesse com maior efetividade o seu poder no interior do Império, enquanto a noção da defesa do “bem comum” impunha limites à atuação do monarca. Ainda no caso português, a preferência pela utilização do termo “Coroa” no lugar de “Rei” demonstra que a última decisão, tomada pelo rei, era fruto do trabalho da burocracia portuguesa.
Ao longo desse processo, várias teorias surgiram na tentativa de justificar a concentração de poder por parte dos monarcas, como a teoria do direito divino dos reis, que afirmava ser o poder temporal monárquico de origem divina. Alguns pensadores, como Maquiavel e Thomas Hobbes, forneceram justificativas laicas para o estabelecimento do poder político absoluto.
À organização da sociedade europeia, em especial da francesa, que se desenvolveu frente à nova concepção política, foi dado o nome de Antigo Regime. A sociedade do Antigo Regime era marcada por rígida hierarquia e pela presença de privilégios de nascimento. A nobreza e o clero, que repudiavam o trabalho braçal, estavam isentos do pagamento de impostos e possuíam regalias, como o recebimento de pensões e a ocupação de altos cargos públicos.
Os demais segmentos sociais eram responsáveis pelo sustento do Estado e dos grupos privilegiados. A antiga nobreza medieval, de caráter militar, transformara-se em uma nobreza palaciana ou cortesã, que passou a ocupar cargos políticos e, em muitos casos, a viver de forma parasitária, sustentada pelo Estado. A concessão desses privilégios foi fundamental para que o rei conseguisse ampliar seus poderes sobre a nobreza e o clero.

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