As investigações sobre a origem do Homem
A questão sobre a origem do Homem, isto é, do gênero humano, talvez só
perca para a questão da origem da vida no que se refere aos debates científicos
e filosóficos a esse respeito. Cada ciência envolvida nas investigações sobre a
origem do Homem tem seus métodos próprios, mas cada uma delas se serve dos
resultados das demais. O que pode ser dito, de maneira geral, é que todas essas
disciplinas (paleontologia, arqueologia, teoria evolucionista, história etc.) lidam
com evidências empíricas escassas (isto é, fósseis, instrumentos rudimentares
de madeira, ossos, pedras e metais) sobre as quais desenvolvem os seus métodos
e extraem as suas hipóteses.
Paleontologia e evolucionismo
Desde meados do século XVIII, com o desenvolvimento da História
Natural e outras disciplinas correlatas que deram origem à biologia moderna, as
especulações sobre a origem da humanidade começaram a receber um tratamento
científico, isto é, metódico. Todavia, foi no século XIX que as pesquisas
destinadas a esse campo de estudos solidificaram-se. Associadas às pesquisas de
paleontólogos, arqueólogos, etnólogos e historiadores do século XIX, algumas
teorias a respeito da evolução biológica do Homem tornaram-se célebres. Aquela
que se mostrou mais pertinente, ainda que gere discussões até os nossos dias, é
a teoria da evolução das espécies de Charles Darwin. Junto à teoria da
evolução, muitos cientistas ao longo de décadas de pesquisas começaram a
estabelecer as características do padrão evolutivo do ser humano, desde os
primeiros hominídeos até o Homo sapiens. Entre as características observadas,
destacam-se: o bipedalismo, a capacidade de manipulação de objetos como as mãos
(em virtude do polegar opositor) e a grande massa encefálica.
Entre o aparecimento dos primeiros hominídeos e o aparecimento do Homo
sapiens, há o espaço de sete milhões de anos. Nesse intervalo de tempo, houve
dois segmentos (ou gêneros) principais de hominídeos, o Australopithecos e o
Homo, como segue na lista a seguir, que está em ordem cronológica de
aparecimento:
Australopithecus anamensi
Australopithecus afarensis
Australopithecus aethiopicus
Australopithecus boisei
Australopithecus robustos
Australopithecus africanus
Homo rudolfensis
Homo habilis
Homo ergaster
Homo erectus
Homo neanderthalesis
Homo heidelbergensis
Homo sapiens
Um dos fósseis de hominídeos mais completos já encontrados é o de
“Lucy”, uma representante dos Australopithecus afarensis encontrada em 1974, na
Etiópia, no deserto de Afar. Esse fóssil possui cerca de 3,2 milhões de anos.
Teorias da cultura
Ao mesmo tempo em que as pesquisas paleontológicas e arqueológicas
ganhavam credibilidade no cenário científico, na passagem do século XIX para o
século XX, as teorias da cultura também começaram a buscar o seu espaço. As
teorias da cultura, em geral apoiadas nas investigações etnológicas (que têm
como objeto de estudo as culturas primitivas: povos indígenas, aborígenes e
culturais tribais em geral), tiveram o objetivo de explicar a origem do homem
pelo viés cultural, sobretudo se concentrando em fenômenos como os ritos
religiosos, a linguagem e a arte.
Nesse sentido, tivemos diversas escolas de pensamento, desde os
clássicos da etnologia do século XIX, como Georges James Frazer e Edward
Burnett Tylor, passando por intelectuais da virada do século, como Rudolf Otto,
Sigmund Freud, Marcel Mauss e Émile Durkheim, até os grandes nomes da etnologia
do século XX, como Malinowski, Levi-Strauss, Franz Boas e René Girard.
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