Ardi, o mais novo elo da corrente
Em outubro de 2009, um grupo de cientistas publicou um estudo completo
sobre o mais antigo esqueleto de um ancestral humano. Ardi, com 4,4 milhões de
anos, reforça outras pesquisas científicas que já afirmavam que os homens e os
chimpanzés são descendentes de um ancestral comum que deu origem a essas
espécies distintas. Apesar de não ser esse o ancestral comum, a investigação
desse rico fóssil apresenta um curioso universo de informações sobre o processo
de evolução dos primatas.
O Ardipithecus ramidus (nome científico de Ardi) detém características
que nos leva a crer que ele vivia em ambientes de floresta e que poderia subir
em árvores. Contudo, ao contrário dos atuais chipanzés, essa vivência entre os
galhos era bastante limitada. Na maior parte do tempo, o Ardipithecus andava em
terra firme e já contava com uma postura ereta. Por meio desses dados, podemos
ver que o processo evolutivo de homens e macacos foi distinto, mas não
radicalmente oposto.
Nessa condição “meio homem e meio macaco”, Ardi dispunha de caninos
superiores pequenos e grossos, sendo mais distintos dos afiados e grandes
caninos dos chipanzés. Mesmo tendo dedos flexíveis que lhe permitiam saltar
entre as árvores, o seu corpo não apresentava outros dispositivos anatômicos
que permitiam a locomoção por um grande período de tempo. Dessa forma, seu
transporte entre as árvores era efêmero e se condicionava a um pequeno conjunto
de situações.
Do ponto de vista social, os cientistas acreditam que eles viviam em
casais, sendo que o macho cumpria a tarefa de obter e compartilhar os alimentos
(frutas, cogumelos e pequenos invertebrados) com as fêmeas. Estas, por sua vez,
deveriam cuidar das crias e garantir a proteção dos integrantes mais frágeis do
núcleo familiar. Apesar de o cérebro assumir uma dimensão próxima à dos
chipanzés, Ardi contava com uma ramificação de nervos e vasos sanguíneos que
ampliava sua percepção visual e espacial.
Além de trazer novas informações sobre a evolução humana, essa
pesquisa também derruba antigos mitos que rondavam o processo evolutivo dos
macacos. Ao contrário do que se imagina, o chimpanzé não seria apenas um tipo
de primata que estacionou no tempo e, por isso, seria um animal de traços
remotos. Ao contrapor Ardi com os chipanzés contemporâneos, esses cientistas
detectaram que a evolução dos macacos também foi extensa e complexa.
Comentários
Postar um comentário