A VERDADE A VER
NAVIOS
O
estado do Rio Grande Sul, através da sua Secretaria de Educação prepara para o
fim do mês de junho (processo que já está em andamento) a implementação das
chamadas aulas remotas por meio de uma plataforma digital (Google Sala de Aula),
onde todos os professores, alunos e turmas estarão cadastrados, sendo que
professores e alunos tem que confirmar o seu e-mail institucional (https://escola.rs.gov.br/primeiro-acesso)
para ter acesso a plataforma.
A
ideia é boa, a plataforma é boa, mas o problema da questão é como atingir todos
os alunos. Grande parte dos estudantes da rede pública estadual não tem acesso à
internet ou seu acesso é restrito, mesmo que tenham celulares. Aliás, esse tipo
de aparelho, mesmo que conectado a rede não é o ideal para a realização das
atividades escolares. Os smartfhones são bons aparelhos para olhar vídeos,
fazer breves leituras e comentários, como também pequenas pesquisas, mas não
são ideias para a execução de tarefas mais complexas tanto de trabalho como de
estudo. O ideal seria o uso de computadores ou notebooks, que são ideias para a
realização de pesquisas, edição de textos, tabelas, gráficos, enfim, para a
realização das atividades propostas pelos professores.
Mas
essa realidade está ainda mais distante das casas da maioria dos nossos alunos.
Não estamos preparados para esse modelo educacional por vários motivos e o mais
óbvio é o econômico, as pessoas não tem o equipamento necessário. Além disso,
temos que considerar que grande parcela da população também é iletrada no uso
dos recursos, fazer parte das redes sociais, postar imagens, comentários, fazer
compartilhamento não é sinônimo de domínio e letramento digital.
Além
desses problemas estruturais físicos e de conhecimento, tem o suporte aos
professores e as escolas que são muito precários. Uma coisa é a propaganda do
governo nos meios de comunicação e a propagação de lindas ideias, outra coisa é
a realidade na escola. A desorganização das informações e orientações que
chegam é impressionante, beira o surrealismo. De um dia para o outro elas
mudam, como vento muda de direção. Sabemos que é uma situação atípica, que
nunca passamos por isso e, que realmente é complicado. Mas é necessário o mínimo
de organização, de critérios claros e de bom senso e entendimento da realidade
que nos rodeia. Faltam-nos recursos estruturais, humanos para a execução do que
se pede.
Repito,
a ideia é boa, mas o planejamento para a execução comando pela Secretaria de Educação
do estado deixa muito a desejar, principalmente porque cria insegurança, pois a
cada momento as orientações são diferentes e na verdade a escola acaba tendo
que se virar junto as suas comunidades para manter o mínimo das atividades.
E
para não passar em branco sempre é bom lembrar que os professores continuam
recebendo atrasado e parcelado e agora com seus salários reduzidos. Até agora
nem um membro do governo conseguiu explicar o novo contra cheque do estado.
Estamos à procura de um cientista contábil que seja capaz de realizar essa
façanha de entender e poder explicar esses novos lançamentos no contra cheque
dos servidores. Enquanto isso, continuamos a ver navios, assim como a verdade
do que realmente acontece.
Prof. Fabrício Colombo de Aguiar.
Publicado no Jornal Noticiário, Junho de 2020, p.9
Comentários
Postar um comentário