A ECONOMIA FEUDAL


A ECONOMIA FEUDAL
Até os séculos IX e X, é possível dizer que a economia europeia passou por um período de retração e estagnação. As produções agrícola, artesanal e comercial foram reduzidas, principalmente, em razão do retrocesso demográfico percebido no período. Predominava, nesse primeiro momento, a produção agrícola em propriedades que se assemelhavam às vilas de origem romana. Nessas propriedades, existiam os lotes reservados aos senhores e aqueles destinados aos camponeses.
A produção voltada para subsistência e os constantes conflitos provocaram a diminuição das transações comerciais e do uso da moeda, sem causar, no entanto, o seu desaparecimento. O mesmo pode ser dito em relação às cidades: o processo de ruralização não provocou o completo abandono da vida urbana. As relações comerciais ocorriam de maneira esporádica, por exemplo, quando determinado produto não fosse comum em uma região. Mercadores judeus tiveram importância nessas transações, trazendo seda, especiarias e sal de outras regiões.
Se os primeiros anos da Idade Média foram marcados por instabilidades sociais, a partir do século XI, observa-se o aumento demográfico na Europa Ocidental. Esse aumento ocorreu, entre outros fatores, devido ao m das invasões e dos conflitos, bem como em razão das limitações da guerra medieval, que nem sempre fazia um grande número de vítimas e caracterizava-se pelas interrupções constantes relacionadas às obrigações entre vassalos e suseranos. O desenvolvimento das técnicas agrícolas e a expansão das áreas cultivadas também colaboraram para o aumento da produção e para o consequente crescimento populacional.
Uma das inovações apresentadas foi a utilização do sistema trienal (o que permitia que uma faixa de terra descansasse enquanto outras duas eram cultivadas, possibilitando o resgate da produtividade agrícola), da charrua (instrumento puxado por cavalos – animais de maior robustez – capaz de perfurar em maior profundidade o subsolo, preparando adequadamente o solo para ser cultivado), da força motriz animal, do adubo mineral e dos moinhos de água e de vento.
Concomitantemente ao aumento da população europeia, observou-se a expansão dos feudos, unidades básicas de subsistência e provedoras de toda a sobrevivência do mundo feudal. Além da produção agrícola, o artesanato e a manufatura eram atividades praticadas nesse período. Os artesãos produziam armas, tecidos, móveis e ferramentas destinados ao consumo restrito.
Nos feudos, predominava o poder dos senhores feudais, nobres ou membros do clero, que impunham a administração, aplicavam a justiça e garantiam a ordem. Esta independência de poderes refletia-se também na economia, já que o sistema de pesos e medidas e as moedas, ainda escassas, variavam de feudo para feudo, dificultando as relações comerciais.
As terras feudais eram divididas em mansos: o senhorial, o servil e o comunal. No manso senhorial, encontrava-se o castelo, residência fortificada dos nobres. Nessas terras, o trabalho era executado pelos servos e toda a produção era destinada aos senhores. Os mansos servis, por sua vez, eram terrenos arrendados aos servos em troca de proteção e explorados pelos próprios servos, que deviam várias obrigações ao senhor. Já o manso comunal era formado por pastos e bosques de uso comum, ou seja, sujeito à exploração tanto dos senhores quanto dos servos.
A relação de trabalho predominante nos feudos foi a servidão, que, como já visto, teve sua origem no colonato, ainda no Império Romano. No entanto, o servo estava vinculado à terra, embora, em muitos casos, esse vínculo pudesse ser rompido, e devia ao senhor uma série de obrigações, pagas em forma de trabalho. Entre as várias obrigações, podem ser destacadas as principais, como:
• corveia: trabalho não remunerado nas terras do senhor, geralmente três dias por semana, no cultivo ou em outros serviços, como a construção, a manutenção e o transporte. • censo: uma pequena renda xa paga em dinheiro ou em espécie. • mão-morta: cobrança pela transferência hereditária, taxa cobrada para permitir que o lho do camponês permanecesse na terra.
• banalidades: taxas pelo uso do moinho, do forno e de outras instalações de propriedade do senhor. • talha: parcela paga pela produção no manso servil. • champart (de campi pars, “parte da colheita”): devida pelo camponês e proporcional ao resultado da colheita nas terras servis. • dízimo: taxa devida à Igreja.
Apesar de realizar um trabalho compulsório e, em muitos casos, não poder abandonar a terra, o servo não pode ser considerado como escravo. Esta diferença é relevante, pois o servo não era considerado uma propriedade, por mais que, em alguns casos, tenha sido comprado ou vendido. Além disso, o servo podia trabalhar para o seu próprio sustento e deveria ser protegido pelos senhores. Por outro lado, o servo também não era um trabalhador livre, já que estava submetido pelos senhores feudais ao trabalho e ao pagamento em serviços de forma obrigatória.

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