A ECONOMIA COLONIAL NA AMÉRICA ESPANHOLA


A ECONOMIA COLONIAL NA AMÉRICA ESPANHOLA
A estrutura econômica da América Espanhola seguiu os preceitos básicos das orientações doutrinárias da política mercantilista. Assim, o ideal metalista serviu de orientação para as ações econômicas tanto nas Antilhas quanto nas áreas continentais.
Sem dúvida, a mineração representou a principal atividade econômica desenvolvida na região da América Espanhola. O primeiro estágio desse tipo de exploração ocorreu no final do século XV e início do século XVI nas ilhas caribenhas, levado a cabo pelos primeiros conquistadores, ao longo do ciclo antilhano.
Marcado pela exploração do ouro de aluvião, esse sistema fez uso dos nativos locais, que perderam a vida devido à violência e à busca espanhola pelo rápido enriquecimento. Nessas ilhas, iniciou-se a exploração dos indígenas pelo sistema de encomienda: desenvolvido na Espanha durante a Reconquista e bem adaptado na América, esse tipo de trabalho foi marcado pela exploração dos nativos por um espanhol – encomendeiro –, que se apresentava como protetor e como responsável pela catequese dos gentios, justificando, assim, a ação exploratória.
A profunda violência desse sistema acarretou uma série de contestações a respeito das relações entre nativos e espanhóis. Destacou-se na defesa dos ameríndios o frei espanhol Bartolomé de Las Casas, que chegou a solicitar em audiência, junto ao monarca espanhol Carlos V, o m dos abusos cometidos na América. O monarca atendeu às petições do frei em 1542 por meio das Leis Novas, responsáveis pelo m da escravidão indígena.
Porém, na prática, a encomienda se manteve nas relações entre espanhóis e gentios por longas décadas, sendo definitivamente extinta em 1719 com as reformas bourbônicas. O ciclo antilhano apresentou curta duração, mas foi intensificada a exploração mineral na área das minas localizadas nos vice-reinos do Peru e da Nova Espanha. A região de Potosí (atual Bolívia), responsável pelo fornecimento de uma quantidade gigantesca de prata, destacou-se de tal modo que a exploração se manteve nessa região até a segunda metade do século XVII.
Segundo os cálculos realizados pelo historiador Pierre Vilar, somente entre os anos de 1551 e 1560, entraram na Casa de Contratação, em Sevilha, 122 028 kg de ouro e 16 179 638 kg de prata oriundos das minas americanas. Essa riqueza provocou a atração maciça de milhares de espanhóis para o território colonial, que se tornou um universo profundamente urbano e sofisticado para os padrões do século XVI.
A ampliação dos recursos minerais circulantes na Península Ibérica por meio da exploração colonial acarretou um processo in acionário conhecido como revolução dos Preços, que afetou tanto a Espanha quanto outros países da Europa. A entrada de grande quantidade de recursos financeiros nos cofres espanhóis também colaborou para a consolidação de sua hegemonia no século XVI.
A base da mão de obra na atividade de mineração, tanto no Peru quanto no México, foi indígena, por meio do sistema de mita, que se orientava pela exploração temporária de certo número de nativos. Estes eram escolhidos por meio de um sorteio, sendo remunerados com recursos de subsistência e moedas, o que era fundamental para manter o pagamento de tributos ao Estado e à Igreja.
Esse tipo de trabalho era utilizado em vários afazeres, porém, manteve-se predominante na região das minas. É interessante observar que essa modalidade de trabalho não se originou na Espanha. Trata-se de uma relação já existente entre os povos indígenas e que foi adaptada aos interesses dos invasores hispânicos. Assim, justifica-se a variação de termos para designar essa atividade, sendo chamada de mita no Peru e cuatequil no México.
O setor agrícola pode ser compreendido por duas estruturas. Na região da América Central e das Antilhas, predominou a agricultura de exportação de variadas culturas, com destaque para a cana-deaçúcar e para o tabaco. Com mão de obra predominantemente escrava, de origem africana, essa atividade se desenvolveu com plenitude a partir da segunda metade do século XVII, no contexto da crise da mineração no Império espanhol.
Já na região continental, predominou a existência de fazendas voltadas para o mercado interno, conhecidas por haciendas. Controlado pelos espanhóis e por seus descendentes, esse modelo agrícola se unia às fazendas de pecuária – estâncias – no projeto de fornecimento de alimentos para uma sociedade cada vez mais numerosa.


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